Praticagem investe em tecnologia, treinamento e segurança

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Inaugurada em 2015 o C3OT mede a velocidade e a direção das correntes marítimas no canal do estuário, a altura das ondas e a intensidade dos ventos

por Diniz Júnior

Na preparação para a chegada de navios de maior porte ao cais santista, a Praticagem de São Paulo firmou parcerias com centros de treinamento internacionais para simular o tráfego dessas embarcações no complexo. Além disso, os profissionais participaram de manobras desses cargueiros em portos de países como Peru, Estados Unidos e Holanda. De acordo com o presidente da Praticagem de São Paulo, Nilson Ferreira dos Santos, os navios cresceram em tamanho, mas a potência das máquinas não acompanhou essa evolução. Isto acontece porque eles foram projetados para grandes trajetos com foco na economia de combustível e nos ganhos em escala. O problema é que esta característica torna a navegação ainda mais complicada nos acessos aos complexos portuários. 

Além das condições meteorológicas, em que qualquer aumentozinho em força de corrente de vento já tem um impacto muito maior na manobrabilidade do navio, tem a questão que o navio passou a ter características que fugiram totalmente do que a gente vinha recebendo antes. Os navios tinham boa propulsão, não tinham tanto peso. O deslocamento vai aumentar 50% o peso a ser controlado, tendo uma relação entre potência e peso diminuída por conta da economia de combustível.

Outro investimento foi feito na segurança dos práticos. Duas novas lanchas foram adquiridas e vão ajudar os profissionais a alcançarem os locais onde estão os navios à espera de manobra no Porto de Santos. Com projeto inglês da Camarc Design, referência na área de Praticagem no resto do mundo, as novas embarcações são maiores do que as atuais, com mais estabilidade, potência e autonomia. Estas características vão auxiliar o serviço com a chegada dos navios maiores, da classe New Panamax, de 366 metros e com capacidade para transportar 14 mil TEU (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés).

A primeira embarcação desta série, a São Paulo Pilots I entrou em operação no final de junho. Construída pelo estaleiro Supmar, em Guarujá, um dos únicos no País com certificação para o trabalho, o custo da lancha está estimada em R$ 2,7 milhões. A segunda, a São Paulo Pilots II, deve iniciar os trabalhos até meados de setembro.

Centro de Coordenação, Comunicação e Operações de Tráfego

A segurança das manobras é e sempre foi uma  preocupação da Praticagem, que busca constantemente a máxima qualidade dos serviços. A de Santos, foi a primeira nas Américas a obter o Certificado ISO 9000 e essa certificação vem sendo mantida e atualizada anualmente. Foram investidos no C3OT R$ 8 milhões de reais na época, e é mantido com recursos próprios.

Inaugurada em 2015 ele mede a velocidade e a direção das correntes marítimas no canal do estuário, a altura das ondas e a intensidade dos ventos. Além disso, é realizada, ainda, a verificação da visibilidade na região para navegação. No início do mês o C3OT foi fundamental na operação do MSC Ajaccio, de bandeira de Malta, o navio de maior calado a operar no porto de Santos, com 14,45 metros. Essa manobra, realizada com toda segurança, foi possibilitada pelo Redraft (sistema de mede o calado dinâmico) e pelos dados obtidos em tempo real pelo Centro de Coordenação, Comunicação e Operações de Tráfego (C3OT) da Praticagem de São Paulo.

A Praticagem foi pioneira no país, tendo contratado a empresa ARGONÁUTICA em 2016 para desenvolver esse sistema, visando possibilitar a movimentação de navios cada vez maiores no Porto de Santos. É um dos sistemas mais modernos do mundo e recebeu no ano passado o prêmio na categoria Iniciativas Inovadoras concedido pela Antaq.

A manobra foi planejada pelo sistema Redraft – Calado Real, desenvolvido em parceria entre a empresa Argonáutica e a Praticagem em 2016. O Redraft é um sistema pioneiro no Brasil. O operador do C3OT tem à sua disposição no sistema da pauta de serviços as informações necessárias à manobra de qualquer navio confirmado.

Para aqueles navios de maiores calados, o operador pode acessar o software que, a partir de informações sobre as dimensões e características do navio (calado, comprimento, boca etc.) e informações dos dados climáticos, meteorológicos e oceanográficos, aponta qual será a folga mínima entre o fundo do navio e o fundo do mar e em que ponto da trajetória do navio pelo canal essa folga ocorrerá.