Landell de Moura é herói oficial

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Com o nome do gaúcho no hall nacional, movimento luta para incluir a história do padre e inventor em livros didáticos do Brasil

 O padre e cientista porto-alegrense Roberto Landell de Moura enfim ganhou seu reconhecimento. Um dos precursores do rádio é oficialmente um ícone nacional. Depois de conseguir aprovar a entrada do religioso no Livro dos Heróis da Pátria, o movimento que leva o nome do gaúcho batalha para colocar sua história nos livros didáticos.Oesforço resgata a importância do padre nascido em 21 de janeiro de 1861. Em 1886, foi ordenado padre em Roma, onde estudou teologia, física e química. Em 1894, emitiu ondas luminosas e eletromagnéticas de um equipamento na Avenida Paulista, em São Paulo. A experiência despertou suspeitas de católicos conservadores, que acusaram o padre de feitiçaria. Fanáticos invadiram seu laboratório e quebraram instrumentos de pesquisa.

Presente na virada do século 19 em manchetes na imprensa paulista e norte-americana, em virtude dos experimentos e patentes para transmissão de voz sem fios, morreu esquecido, aos 67 anos, em Porto Alegre. À época, os louros pela invenção do rádio acabaram com o italiano Guglielmo Marconi, uma injustiça segundo o jornalista Hamilton Almeida.

– O que Marconi inventou foi o telégrafo. Seu sistema transmitia sinais sem fio. O padre Landell transmitia voz humana, o rádio. Foi um precursor das telecomunicações – explica Hamilton, autor de quatro livros sobre o religioso, entre eles Padre Landell de Moura: Um Herói sem Glória.

O jornalista também é um dos idealizadores do Movimento Landell de Moura (MLM), responsável pela luta que resultou no projeto de lei apreciado no Congresso e sancionado pela presidente Dilma Rousseff no último dia 27, trâmite que colocou o gaúcho no Livro dos Heróis.

Também conhecida por Livro de Aço, a publicação fica no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, na Praça dos Três Poderes, em Brasília. Destaca brasileiros que contribuíram para a defesa e construção do país. Hoje tem grafado 10 nomes, como Tiradentes e Duque de Caxias. Os gaúchos Plácido de Castro e Almirante Tamandaré estão no livro, que ganhará acréscimos assim que a reforma do Panteão for concluída, em julho.

Do Livro dos Heróis aos livros de História

Vencida a etapa do Livro de Aço, o MLM concentra os esforços para colocar no currículo das escolas a história do religioso gaúcho, reconhecido pelo pioneirismo no rádio.

– Já iniciamos as conversas com o Ministério da Educação. Mostrar para as criança quem foi o padre é mais do que justo – defende o jornalista Eduardo Ribeiro, integrante do MLM.

Assim como Landell de Moura, aguardam a solenidade de “entronização” Getúlio Vargas, Marechal Osório e Sepé Tiaraju. Anita Garibaldi, que teve sua lei publicada no Diário Oficial da União nesta semana, também está nesse time de peso. A heroína catarinense, nascida Ana Maria de Jesus Ribeiro da Silva, foi mulher do italiano Giuseppe Garibaldi que, no Brasil, lutou pelos ideais republicanos contra o Império. Anita conheceu Giuseppe em 1837, durante a Guerra dos Farrapos, quando as forças da República Rio-Grandense tomaram a cidade catarinense de Laguna. Com o tempo, ela passou a acompanhá-lo nas batalhas.

guilherme.mazui@zerohora.com.br

GUILHERME MAZUI