Burocracia e infraestrutura ruim entravam transporte e logística na Amazônia

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Foto: Júlio Fernandes/Agência Full Time

 
Por  Aerton Guimarães /Agência CNT de Notícias
 
Entre os dias 26 e 28 de junho, Manaus (AM) sedia o maior evento de transporte já realizado na região norte do país. A 1ª TranspoAmazônia – Feira e Congresso Internacional de Transporte e Logística – deve reunir mais de mil pessoas, além de representantes do setor de 18 países das Américas.
O objetivo é discutir os entraves de desenvolvimento da região, em busca de soluções capazes de modificar o cenário atual. Para o presidente da Federação das Empresas de Logística, Transporte e Agenciamento de Cargas da Amazônia (Fetramaz), Irani Bertolini, os constantes atrasos no transporte de cargas são o que ocasionam os maiores prejuízos para o setor.
Em entrevista à Agência CNT de Notícias, ele falou sobre as dificuldades de crescimento e a evolução do transporte de cargas no norte do Brasil. Confira:
Qual a expectativa na realização de um evento desse porte na região?
Achamos por bem promover esse evento trazendo expositores e palestrantes de alto nível para discutirmos o transporte, custos e tarifas do Brasil e da Amazônia. Os empresários de outros países vão trazer novos olhares, já que eles enxergam de fora pra dentro e, nós, de dentro pra fora. A ideia é avaliar se os custos daqui são realmente muito altos, pois queremos mostrar que não é tudo isso que se fala. O frete São Paulo/Recife e São Paulo/Manaus, por exemplo, praticamente se equivalem, apesar de ser um pouco mais difícil vir para cá.

Como está a questão da logística? Quais as maiores dificuldades?


Acompanho a região há mais de 30 anos, e com certeza a logística tem evoluído bastante nos últimos anos. Mas, claro, sempre há muito que fazer. O que mais prejudica o setor de transporte é a falta de infraestrutura por parte do governo, com estradas, e os entraves burocráticos com legislações estaduais – diferentes para cada um – o que atrasa, e muito, nosso serviço. Outro grande problema é o fato de que a mercadoria nacional que vem para Manaus entra como se ela fosse para outro país. Então existem entraves burocráticos para fazer essa operação.
Por que isso acontece?

Toda mercadoria destinada à Zona Franca goza dos mesmos incentivos fiscais da mercadoria destinada à exportação, então é como se entrasse em outro país. Tem que passar pela Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus), Receita Federal e Estadual para fazer o desembaraço das notas para entregar a mercadoria. É bastante burocrático o processo, o que resulta em uma demora de dois, três dias.

Em relação a infraestrutura, ainda há muitos problemas?

A gente navega dois mil quilômetros rio acima para chegar com a carga em Manaus e há muito que ser feito na parte de navegação, mas muita coisa já está melhorando. O setor privado está fazendo o papel dele, nós temos estaleiros produzindo equipamentos modernos com bom uso de tecnologia, e temos empresários dispostos a investir.

É possível reverter os prejuízos do setor de transporte?

Para isso, precisamos ter mais velocidade para sermos mais ágeis e com custos menores. Essa agilidade é mais importante que o preço, às vezes. Os atrasos de dois, três dias na entrega de mercadorias são comuns aqui no Amazonas por causa desses entraves. Um dia ou dois de capital de giro para uma indústria representa um prejuízo enorme, muito mais do que um reajuste de dois por cento no frete.