Suape terá terminal de regaseificação de gás natural liquefeito, investimento de R$ 2 bilhões

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O Regás será instalado no Cais de Múltiplos Usos e será explorado pela holding brasileira OnCorp, em parceria com a multinacional Shell

O governo de Pernambuco anunciou, nesta sexta-feira (16), a instalação de um terminal de regaseificação de gás natural liquefeito (GNL) no Porto de Suape, um investimento de R$ 2 bilhões. Mais conhecido como Regás, gerará 240 empregos durante a operação do empreendimento.

A holding brasileira OnCorp, presente nos mercados do Brasil e da Argentina, cuja atuação está voltada para o setor de produção e serviços de geração de energia, foi a vencedora do processo de seleção e arrendou o Cais de Múltiplos Usos (CMU), que passará a funcionar, exclusivamente, para esse tipo de operação.

A operação do terminal contará com a participação da Shell. Uma das primeiras companhias a receber o gás da Shell, via Terminal de Regás, será a Termopernambuco, termoelétrica de 498 MW, vencedora de Leilão de Reserva de Capacidade de 2021. O CMU está localizado na área do porto organizado. A cerimônia para divulgação oficial do empreendimento foi realizada no Palácio do Campo das Princesas e contou com a participação do governador do estado, Paulo Câmara; do diretor-presidente do Porto de Suape, Francisco Martins; e de representantes da Oncorp e da Shell.

Para Francisco Martins, o Regás vai dar mais amplitude aos negócios e maior competitividade comercial a Pernambuco, garantindo mais opções às indústrias e outros setores da cadeia produtiva. “Com o novo empreendimento, teremos um player privado fazendo a regaseificação em Suape e oferecendo o produto para o mercado, trazendo economia nos custos de produção e, consequentemente, redução de preços para os consumidores. É um excelente negócio para Suape e para a economia pernambucana e da região”, afirmou.

A operação

A operação funcionará por meio de um Floating Ship Regaseification Unit (FSRU), navio que ficará ancorado no Cais de Múltiplos Usos. “A operação de transformação do gás natural liquefeito (GNL) na forma gasosa será realizada pelo navio estacionário, conectado por gasodutos à Estação de Transferência de Custódia (ETC), para posterior distribuição pela rede que liga o porto às cidades do Grande Recife, interior do estado e outras regiões. O FSRU será abastecido por operação ship-to-ship.

A área arrendada para uso do terminal é de 33.375 metros quadrados e o Porto de Suape será remunerada pela cessão da área do CMU no valor global de R$ 6.295.860,00, para um período de 48 meses de contrato. O montante equivale a R$ 131,1 mil por mês. Além do valor do arrendamento, o investimento engloba os custos com o sistema de recepção aquaviária, infraestrutura de cais e amarração, gasoduto e a estação de transferência de custódia. As operações sem o FSRU começam na próxima semana e com o FSRU, nos próximos 12 meses.

Comercialização

Segundo João Mattos, diretor da OncCorp e Ongás, o GNL virá do portfólio internacional da Shell, com destaque de origem para os Estados Unidos, Trindade e Tobago (Caribe), África do Sul, enquanto o gás natural, na sua forma gasosa, será comercializado pela Shell a térmicas como a Termopernambuco e outras indústrias, além da própria distribuidora local.

Para o diretor da holding, outro aspecto importante é o da descarbonização da indústria, já que o GNL é menos poluente que outros combustíveis. “Nosso grupo nasceu da expertise na geração de energia, com mais de 500MW instalados no país e na Argentina. Portanto, sabemos que o gás natural é o combustível de transição e tem importante papel em manter a confiabilidade da matriz energética no Brasil, a um custo menor ao sistema e ao meio ambiente. “Com certeza, esse terminal tornará Pernambuco um importante hub de GNL no Nordeste, destacando ainda mais o papel relevante do Porto de Suape”, ressalta Mattos.

Oncorp

A OnCorp é uma holding brasileira atuante nos mercados do Brasil e da Argentina, principalmente no setor de produção e serviços de geração de energia termoelétrica independente, com atuação nos sistemas interligado e isolado do país, com sua própria linha de grupos geradores, desenvolvidos por sua subsidiária, a OnPower. Desde 2002, as empresas voltadas ao setor energético que compõem a OnCorp contribuem em cinco grandes projetos do Sistema Interligado de Energia Nacional, através da geração de mais de 455.040 MW/mês, distribuídos pelo território brasileiro pela ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico).

A OnCorp desenvolve projetos voltados a leilões nacionais de energia, baseados em grupo geradores movidos a gás natural. Recentemente, começou a implantar os primeiros projetos híbridos do Brasil, no sistema isolado, com térmicas que utilizam baterias e energia fotovoltaica, tendo obtido a primeira certificação de “selo verde” na Nint (empresa de consultoria e avaliação ESG), para um projeto de geração de energia no país. Em Pernambuco, a holding já conta com uma planta fotovoltaica de 2.5MWp de potência, no âmbito da geração distribuída, no munícipio de Ribeirão, na Zona da Mata Sul do Estado.

Futuro promissor

Com o Regás, o Complexo Industrial do Porto de Suape encerra 2022 com o anúncio de uma série de grandes empreendimentos estratégicos confirmados para Pernambuco, prevendo um total de R$ 44,1 bilhões de investimentos até 2027, que deverão gerar cerca de 25 mil novos postos de trabalho. Entre os empreendimentos, estão a Planta de Produção de Hidrogênio Verde da Qair Brasil (R$ 22,5 bilhões e 2.900 empregos), o novo terminal de contêineres da APM Terminals-Moller-Maersk (R$ 2,5 bilhões e 1.600 empregos), a nova fábrica da Blau Farmacêutica (R$ 1,5 bilhão e 1.400 empregos) e o terminal de granéis sólidos minerais de Suape da Bemisa (R$ 1,5 bilhão e 3 mil empregos).

A ampliação da Refinaria Abreu e Lima (R$ 5 bilhões e 12 mil empregos), a construção da Ferrovia do Sertão, que ligará Suape às jazidas de ferro de Curral Novo, no Piauí, numa extensão de 717 quilômetros (R$ 6 bilhões e 2 mil empregos) são outros empreendimentos nos próximos anos. Atualmente, 229 empresas estão instaladas no Complexo de Suape e adjacências, gerando cerca de 24 mil postos de trabalho diretos e indiretos.