Profissão: Mulheres na Praticagem

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A Praticagem passou a ser para as mulheres um exemplo de carreira democrática fora do setor público, em termos de vencimentos e de oportunidades.

Como ocorre nos escritórios, nos postos de comando de grandes instituições e em todas as carreiras, a Praticagem no Brasil vem sendo cada vez mais uma opção profissional para as mulheres. Essa transformação, iniciada em 2009, quando começou a trabalhar a primeira Prática do país, Débora Gadelha, é ao mesmo tempo um exemplo do empoderamento feminino em todas as áreas e uma prova inconteste de que o acesso à Praticagem é extremamente democrático. Afinal, a Praticagem sempre esteve aberta ao sexo feminino, mas só recentemente os processos seletivos passaram a interessar às candidatas. Bom para as mulheres, que têm mais uma frente de trabalho, melhor para a Praticagem, que se torna mais aberta e plural.

Os últimos três processos seletivos tiveram, cada um, cinco mulheres aprovadas – sendo que, em 2012, duas delas já haviam ingressado na Praticagem em 2011 e faziam o exame para escolher novas Zonas de Praticagem. Desde então, nos portos e nos passadiços (pontes de comando dos navios), a presença feminina traz sutis – porém decisivas – transformações na Praticagem. E a principal delas é o desmonte da ideia de que o ambiente nas embarcações só pode ser comandado por homens.

Mulheres na Praticagem: carreira com igualdade de condições entre os gêneros

A Praticagem passou a ser para as mulheres um exemplo de carreira democrática fora do setor público, em termos de vencimentos e de oportunidades. Se, no mundo todo, ainda há muitas lutas e reivindicações de igualdade de condições entre homens e mulheres, pode-se dizer que, no Brasil, a democratização da Praticagem criou uma opção de grande relevância para as profissionais de todas as áreas. Mulheres e homens recebem e trabalham sem qualquer distinção nas associações de Práticos em todo o país. Ou seja, não há vencimentos menores – seja de forma velada ou explícita – para as mulheres que atuam como Práticas de navio.

Isso se deve à forma como a Praticagem está estruturada no Brasil. O acesso à carreira, através de processo seletivo conduzido pela Marinha periodicamente, é extremamente democrático. Qualquer pessoa com mais de 18 anos e com formação superior está apta a se tornar Praticante de Prático – estágio inicial da profissão, após a aprovação no processo seletivo e anterior à obtenção da habilitação definitiva.

Desafios

Entre os desafios para o processo seletivo, um deles é o teste físico de barras. Apesar da exigência de apenas quatro repetições do exercício, a prova costuma representar dificuldade maior para as mulheres. No entanto, a antecedência de agendamento, aliada a uma preparação física regular, permite que qualquer pessoa saudável tenha condições de cumprir a exigência.

Há implementos que, ao longo do tempo, podem tornar a Praticagem ainda mais amigável para as mulheres. Entre eles o de contemplar, como nas demais profissões, o período correspondente à Licença Maternidade. Para criar tal adaptação, no entanto, seria preciso que a Marinha alterasse a Norman-12, que regulamenta o serviço de Praticagem no Brasil. Mudanças nesse sentido, para que as Práticas não tenham redução em seus vencimentos durante parte da gestação e nos primeiros meses de vida dos bebês, são benefícios diretos para as mulheres, mas com efeito em todo o ambiente da Praticagem, por seu poder de equiparar a carreira às demais profissões e pela capacidade de atrair mais candidatas.

A julgar pelo desempenho feminino nas últimas seleções e pela presença constante das mulheres nas turmas de preparação para o próximo processo seletivo, em breve teremos no Brasil mais mulheres exercendo a profissão. E, consequentemente, uma maior diversidade de formações e culturas a bordo das embarcações e nas equipes de Praticagem. O Brasil agradece.

O vídeo acima não é novo, mas vale a pena assistir, pois conta a história da Praticante de Prático que foi uma das primeiras mulheres a tornar-se Prática no Brasil, em 2010, quando foi aprovada no exame para Prático em Santos, após realizar uma manobra de atracação com giro do navio F.D. Salvatore Pollo, graneleiro de bandeira italiana com 225 metros de comprimento e 11,26 metros de calado, ao TGG Terminal de Graneis do Guarujá.

Fonte: CURSOH