Hidrovia aumentará fluxo de cargas em 2016

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Serão investidos em torno de R$ 20 milhões na revitalização do porto público de Pelotas / Foto SPH

por Jefferson Klein
jefferson.klein@jornaldocomercio.com.br
Apesar de limitações, como algumas estruturas portuárias ainda insuficientes e rios que precisariam de caras dragagens para terem a profundidade adequada ao fluxo de grandes embarcações, a hidrovia gaúcha viverá um período histórico no próximo ano. Se nada mais acontecer, apenas o transporte de madeira e celulose por esse modal, demandado pela fábrica da CMPC Celulose Riograndense situada no município de Guaíba, já possibilitará que a movimentação seja recorde. A empresa, através de acordo firmado com a Navegação Aliança, espera deslocar cerca de 1,58 milhão de toneladas de celulose e 335 mil toneladas de madeira em 2016. Para se ter um grau de comparação, em 2015 a movimentação total pela hidrovia gaúcha deverá ser de cerca de 6 milhões de toneladas, conforme a Superintendência de Portos e Hidrovias (SPH). A celulose sairá da Região Metropolitana para o porto do Rio Grande e dali, através de navios que operam no oceano, para outros destinos. A madeira virá do terminal de Pelotas para Guaíba.
FOTO NOTICIA 0512O presidente da CMPC Celulose Riograndense, Walter Lídio Nunes, cita como motivos da escolha dessa alternativa o fato de a unidade de produção estar localizada às margens do lago Guaíba, o menor impacto ambiental, frete competitivo e diminuição do trânsito de veículos no modal rodoviário. Se para a hidrovia a opção adotada pela companhia já será benéfica, a decisão terá enormes reflexos para o porto de Pelotas, que hoje é subutilizado. Em 2014, o complexo movimentou aproximadamente 396 mil toneladas em cargas.
A CMPC assinou um Contrato de Uso Temporário de áreas desse porto, sendo que a atracação das barcaças se dará no cais comercial, e a estocagem da madeira será realizada na retroárea. Será instalado também um terminal para o transporte de toras de eucalipto. De acordo com Nunes, o grupo investirá cerca de R$ 20 milhões na revitalização e operacionalidade do porto público de Pelotas, que será equipado com um sistema de pesagem e escaneamento de caminhões, entre outras melhorias.

A madeira de eucalipto utilizada para a produção de celulose é obtida em florestas plantadas em 14 municípios no Sul do Estado, em uma região entre Pelotas, Bagé e Piratini, tendo como centro de operações Pinheiro Machado. As toras, de seis metros de comprimento, serão encaminhadas para Pelotas através das rodovias BR-116 e BR-293. A partir desse ponto, a madeira seguirá utilizando o modal hidroviário (Lagoa dos Patos e lago Guaíba), com barcaças com ca pacidade para transportar 4 mil toneladas.

As obras de revitalização do porto serão realizadas ao longo do primeiro semestre de 2016, e o início da operação se dará no terceiro trimestre. Com o final dos aprimoramentos, o transporte de madeira a partir do terminal saltará das cerca de 335 mil toneladas no próximo ano (cujo desempenho será intenso apenas no segundo semestre) para em torno de 1,1 milhão de toneladas anuais a partir de 2017. A atividade completa para escoamento da madeira envolverá em torno de 800 funcionários de forma direta e indireta.
Além da iniciativa em Pelotas, a CMPC não desistiu da ideia de construir um terminal de celulose em São José do Norte ou Rio Grande. “Atualmente, nossas operações são efetuadas no cais público do Porto Novo, mas continuamos buscando, em conjunto com a Superintendência do Porto do Rio Grande, alternativas de implantação de um terminal exclusivo para movimentação de celulose”, diz Nunes. A empresa também cogitou, em outro momento da economia, instalar terminais em Rio Pardo e Cachoeira do Sul. O executivo adianta que o grupo está avaliando a possibilidade da utilização do modal hidroviário para o transporte da madeira na região central do Estado.