Do rádio mineiro para a elite da TV Globo, Ana Paula Araújo destaca seu lado repórter e garante: preparo é tudo

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Ana Paulo Araújo está na Rede Globo desde 1995, mas valoriza o início da carreira no interior de Minas Gerais

Por Anderson Scardoelli / Portal Comunique-se

 

Desde 1995 na Rede Globo, a jornalista Ana Paula Araújo é mais um exemplo de profissional que vem fazendo do esforço e do talento a receita para a construção de uma carreira brilhante na imprensa brasileira. De repórter e apresentadora “folguista” nos seus primeiros tempos de emissora, hoje, comanda a primeira edição do ‘RJ TV’ e é considerada por parte da mídia uma das estrelas do jornalismo global.

Seu currículo inclui nada menos que o prêmio Emmy Internacional, pela reportagem da ação militar no Morro do Alemão em 2010 – quando ficou mais de oito horas ao vivo. Registra, ainda, participação nos cobiçados espaços de apresentadora no ‘Jornal Nacional’ e no ‘Fantástico’, atração em que esteve à frente pela primeira vez na edição do último domingo.

Ana Paula despreza os comentários de que a chegada ao ‘Fantástico’ teria sido resultado de uma pressão pessoal. Prefere atribuir o posto alcançado ao esforço e ao preparo, legados desde os tempos em que atuava no rádio do interior de Minas Gerais, conquistando em seguida espaços na CBN, Record e TV Manchete até chegar ao programa de maior audiência do país. Sobre comandar um telejornal diário, diz que é um aprendizado diário e que se considera uma “repórter de estúdio”.

A migração do rádio para a televisão, os anos de Globo, a reportagem no Morro do Alemão, o desafio de apresentar telejornais e a ida de jornalistas para o entretenimento são temas desta entrevista de Ana Paula Araújo ao Comunique-se.

Do rádio à TV

Seu início no jornalismo foi numa rádio de Juiz de Fora. No Rio de Janeiro, passou pela Globo/CBN. Mesmo no começo, você tinha vontade de trabalhar com telejornalismo?


Amava trabalhar em rádio, um veículo muito ágil, onde aprendi a improvisar. Essa experiência me trouxe muita segurança nas entradas ao vivo na TV. Comecei no rádio como estagiária e antes de me formar já procurava uma oportunidade em TV.

Como surgiu a proposta para ser repórter da TV Record Rio? Teve alguma dificuldade em se adaptar à mídia?

Fui bater na porta e pedir a oportunidade. No começo é difícil casar sempre texto com imagens. E também é complicado ficar à vontade na frente de uma câmera. Mas o tempo e a prática ajudam nos dois casos.

"Nunca me senti apresentadora. Até hoje me sinto uma repórter no estúdio", diz a jornalista

 

Depois da Record, mais uma novidade na carreira: além de repórter, você virou apresentadora da TV Manchete. Como reagiu com a notícia de que seria âncora?


Reagi com animação. Adoro desafios! Na verdade, mesmo apresentando, não deixo de ser repórter. Nunca me senti apresentadora. Até hoje me sinto uma repórter no estúdio.

Globo: reportagem, apresentação e elogios

Em 1995, você foi contratada pela Rede Globo. À época, foi acertado que você seria repórter e âncora?


A proposta era ser repórter. Como já tinha experiência na bancada, também incluía cobrir folgas e férias dos apresentadores.

Na Globo, você já comandou o ‘Bom Dia Rio’, o ‘Globo Comunidade’, edições do ‘Jornal Hoje’. Desde 2009, está à frente do ‘RJ TV – 1ª Edição’. Como foi se adaptar a cada formato desses noticiários e qual a colaboração deles para a Ana Paula repórter?

Os jornais foram mudando e eu também fui crescendo. Meu maior desafio até hoje é apresentar o ‘RJ TV’ nesse atual formato – sem texto no teleprompter, onde eu improviso o tempo todo e, por isso mesmo, carrego uma grande responsabilidade. Sou muito feliz nesse trabalho.

 

Com grande capacidade de improviso para fazer matérias ao vivo, destacou-se em novembro de 2010, quando a polícia ocupou a Vila Cruzeiro e o Complexo do Alemão: ficou cerca de oito horas seguidas no ar transmitindo ao vivo os acontecimentos”. Esse é o comentário do site Memória Globo sobre o seu trabalho. A respeito dessa cobertura, qual foi o segredo para o sucesso da transmissão?
Essa transmissão foi resultado de um trabalho de um ano à frente do novo formato do ‘RJTV’, em que aprendi a contextualizar os assuntos, aprofundar os temas e ficar ainda mais tranquila na hora de improvisar. Olhando para trás, é difícil imaginar uma permanência de oito horas no ar sem intervalo. Mas na hora nem deu para sentir. Era muita coisa acontecendo, imagens impressionantes. Só me dei conta quando acabou.

Quando há alguma notícia referente ao seu trabalho, a cobertura realizada no Complexo do Alemão geralmente é citada. Qual a dica para ter sucesso nas grandes matérias?


Preparo é tudo. Ter informação é o essencial para um bom trabalho, seja na TV, rádio ou jornal. É o que lhe dá conteúdo para encarar uma grande cobertura com o mínimo de erros.

Dia 8 de janeiro de 2011, você apresentou pela primeira vez o ‘Jornal Nacional’. Qual foi a sensação?


Volta e meia me lembro de todos esses passos. Dou muito valor a todas as oportunidades que tive e a todos os espaços que conquistei. Apresentar o ‘Jornal Nacional’ é uma grande honra e sempre uma emoção.

‘Fantástico’, entretenimento e futuro

Recentemente, alguns críticos têm comentado que você insiste em se tornar uma das titulares do ‘Fantástico’ e que isso “tem gerado constrangimento na emissora”. Como avalia essa situação e como se sente participando do programa?

Realmente não fui procurada e fiquei surpresa porque isso nunca existiu. Adoro toda a equipe do Fantástico. Já trabalhei com eles diversas vezes como repórter. Tenho 15 anos de Globo e todos me conhecem bem.

Na Globo, jornalistas estão indo para o entretenimento. Faz parte dos seus planos ingressar neste formato de conteúdo?


Acho muito bacana mais esse espaço que se abre para jornalistas. Mas nunca fui de planejar o futuro. Prefiro trabalhar duro e esperar que o melhor aconteça e que as oportunidades venham. Tem dado certo!