Brasil deve deixar de emitir 5,3 milhões de toneladas de gases poluentes até 2020

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José Alencar, do MCidades, apresenta ações de Mobilidade Urbana

Com os investimentos programados para os próximos anos no setor de transporte e mobilidade urbana, o Brasil deve deixar de emitir 5,3 milhões de toneladas de CO² advindos do transporte de cargas e de passageiros. Essa é uma das conclusões do Plano Setorial de Transporte e de Mobilidade Urbana para Mitigação da Mudança do Clima (PNLT) apresentadas nesta quinta-feira (9), durante a consulta pública realizada na sede da Confederação Nacional do Transporte (CNT), em Brasília (DF).

De acordo com os representantes dos Ministérios das Cidades e dos Transportes, responsáveis pela execução do Plano, essa redução será resultado do conjunto de obras rodoviárias, ferroviárias e hidroviárias previstas. Foram considerados os projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e as intervenções sugeridas no Plano Nacional de Logística e Transporte (PNLT).

“No setor de transporte de cargas, selecionamos 613 projetos previstos no PNLT. Se eles forem plenamente executados, poderão promover algum nível de transferência modal, e, assim, proporcionar mitigação nas emissões de CO²”, acredita a chefe da assessoria sociambiental do Ministério dos Transportes, Kátia Matsumoto. Como exemplo, a especialista citou a Ligação Ferroviária Transnordestina à Hidrovia do São Francisco. A construção desta ferrovia será capaz de reduzir em 2,7 mil toneladas de CO² com a mudança de modal no transporte de cargas.

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Apesar de a transferência de modal ser uma necessidade conhecida no transporte de cargas, o processo pode levar anos para se consolidar. Como uma forma de auxiliar nessa mitigação de forma mais acelerada, a coordenadora de projetos especiais da CNT, Marilei Menezes, defendeu a renovação da frota. “O transporte rodoviário de cargas é o maior emissor e vai continuar sendo. A renovação de frota é uma ação que, para nós, deve ser incluída no Plano. Esse é um pleito antigo da CNT e o inventário de emissões deixa bastante claro: os caminhões, principalmente os pesados, são um dos principais emissores de gases do efeito estufa”, alertou.

A coordenadora da CNT destacou ainda a eficiência energética como um ponto que merece atenção. Segundo ela, a falta de infraestrutura nas rodovias brasileiras tem um impacto considerável no consumo dos veículos leves e pesados.

Mobilidade Urbana

Com relação à mobilidade urbana, o Plano aponta uma redução de 3 milhões de toneladas de CO² até 2020. A queda nas emissões está associada aos projetos relacionados com a Copa do Mundo, PAC Mobilidade Grandes Cidades e aportes de recursos dos governos estaduais e municipais de São Paulo e do Rio de Janeiro. A previsão é de que essas intervenções promovam a melhoria do sistema de mobilidade urbana, ampliando o acesso ao transporte coletivo e, com isso, reduza as emissões de gases de efeito estufa (GEEs) e locais (GELs).

Para o coordenador do grupo técnico no Ministério das Cidades, José Alencar Oliveira Junior, esse é apenas o primeiro passo e estudos para a mudança da matriz energética no transporte de passageiros devem ser discutidos. Em 2010, os combustíveis fósseis responderam por 70% do total consumido no transporte rodoviário de passageiros. “Estamos saindo do zero, mas deve ser uma construção coletiva. É um processo complexo, que precisa uma discussão com outros ministérios e atores envolvidos”, pondera.

Plano

Esta foi a última consulta pública para sugestões ao Plano Setorial de Transporte e de Mobilidade Urbana para Mitigação da Mudança do Clima. Os interessados em colaborar ainda podem enviar sugestões pelo site do Ministério do Meio Ambiente (MMA) até o dia 15 de agosto. Após o término do prazo, o Ministério das Cidades analisará a pertinência das propostas e, em novembro de 2012, iniciará a implementação das ações previstas.​