Tintas e revestimentos: estaleiros pedem alternativas para aumentar produtividade

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Aplicação de tintas protetivas requer equipamento adequado e pessoal qualificado

 

por Marcelo Fairbanks                  

Como esperado, as encomendas de sondas, plataformas e barcos de apoio para as atividades de exploração de petróleo e gás da Petrobras colocaram o setor de construção naval no Brasil em marcha, depois de uma hibernação de quase três décadas. Com isso, o fornecimento de tintas especiais para proteção de chapas de aço em aplicações marítimas recebeu forte impulso, atraindo investimentos em capacidades produtivas e também na atualização do portfólio tecnológico, hoje comparável ao que de melhor existe no mundo.

Grande parte da carteira de encomendas dos estaleiros nacionais se refere a projetos ligados à Petrobras (ver tabela). A expectativa do mercado aponta para um volume grande de encomendas navais pelo menos até 2020, acompanhando os investimentos anunciados pela estatal. Em geral, as exigências do setor marítimo são elevadas, pois nenhum armador quer ser obrigado a recolher em menos de 20 anos uma embarcação para o dique seco com o objetivo de refazer a pintura externa do casco, um ponto crítico para os revestimentos. Quando se fala no setor de óleo e gás, essas exigências são ainda maiores.“As regras de conteúdo nacional exigidas pelo governo brasileiro fizeram crescer a procura por tintas fabricadas no país, isso fez com que tecnologias antes disponíveis apenas por importação começassem a ser fabricadas também por aqui”, comentou Reinaldo Richter, diretor superintendente da Weg Tintas. Ele salientou que houve grande movimentação no mercado de construção naval em 2012, com a instalação de novos estaleiros e a ampliação dos existentes no Brasil e também na América Latina.

Akiko Cayres Magalhães Ribeiro, gerente de negócios da divisão PMC (Protective and Marine Coatings) da PPG no Brasil, confirma o aquecimento do setor naval, porém relata a ocorrência de atrasos em alguns projetos. “Nem tudo aquilo que foi planejado foi concretizado ainda”, comentou.

“A construção naval brasileira está em alta, mas muito dependente do mercado de óleo e gás, que absorve cerca de 90% da carteira de encomendas”, complementou Juarez Machado, gerente técnico e de vendas da AkzoNobel International. O volume de projetos é grande o suficiente para ocupar toda a capacidade produtiva dos estaleiros pelos próximos cinco anos. “Ao mesmo tempo, o setor enfrenta a falta de mão de obra qualificada, resultando muitas vezes em baixa produtividade e prazos elásticos para a entrega das encomendas”, advertiu. Mesmo assim, ele considera promissores os próximos anos, graças à abertura de novos estaleiros, que trarão ao país tecnologias mais modernas. Por outro lado, serão tempos desafiadores quanto ao cumprimento dos prazos contratados.