Subsidiar preço dos combustíveis prejudica abastecimento e investimentos, dizem petroleiras

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O crescente apoio à intervenção na política de preços dos combustíveis da Petrobras em meio à escalada dos preços do petróleo provocada pela guerra na Ucrânia gerou uma reação das empresas do setor que atuam no país

Normalmente avesso a manifestações públicas, o IBP (Instituto Brasileiro do Petróleo e Gás) afirmou nesta segunda-feira (7) que a prática de preços artificiais pode prejudicar o abastecimento de combustíveis e afastar investimentos no setor.

Disse ainda que problemas de abastecimento poderiam ter efeito contrário ao desejado pelo governo, já que uma escassez de oferta pressionaria os preços finais ao consumidor, como aconteceu quando o fornecimento foi afetado pela greve dos caminhoneiros de 2018.

“A capacidade de refino do Brasil não atende a demanda nacional, precisamos importar entre 15% a 20% da demanda”, disse o presidente do IBP, Eberaldo de Almeida Neto. “Se mantivermos preços artificiais, não tem sentido importar mais caro para vender mais barato.”

“É fundamental para a garantia do abastecimento nacional a prática de preços de mercado, para que os agentes possam importar. Se tem apenas 80% da demanda atendida, o preço final vai disparar”, completa o executivo.

O IBP reúne as maiores empresas dos setores de empresas de exploração e produção de petróleo e distribuição de combustíveis do país. Entre seus associados, estão a Petrobras e empresas estrangeiras, como as gigantes ExxonMobil e Shell.

No cargo desde maio de 2021, Almeida Neto convocou uma rodada de entrevistas para se posicionar em relação às propostas de controle de preços, que receberam nesta segunda apoio explícito do presidente Jair Bolsonaro (PL) e preocupam investidores.

“A maior inflação é a inflação causada pela escassez. Se tiver escassez de combustíveis, vai acontecer o que aconteceu na greve de 2018: a gasolina não chegava aos postos e o dono do posto subiu o preço”, argumenta ele.

Almeida Neto defende que a dependência brasileira de derivados importados é uma consequência das incertezas quanto à política de preços dos combustíveis, que evitaram investimentos na ampliação do parque nacional de refino.

Fonte: Folha SP