A guerra da Rússia contra a Ucrânia, deflagrada há 12 dias, já vem afetando duramente o comércio internacional, segundo levantamento do Instituto de Economia Mundial de Kiel, na Alemanha. A constatação é de que o movimento de contêineres com mercadorias é menor, por exemplo, em direção da China, a maior nação comerciante do mundo (soma de exportações e importações), assim como menos cargas também estão sendo embarcadas em navios a partir do mercado chinês.
A entidade tem um Indicador de Comércio Internacional que estima os fluxos comerciais (importações e exportações) de 75 países. Um algoritmo programado no Instituto Kiel utiliza inteligência artificial para analisar os dados de movimentos de navios em números reais de crescimento, ajustados sazonalmente em comparação com o mês anterior. As chegadas e partidas de navios com cargas são registradas em 500 portos em todo o mundo. Além disso, o sistema monitora os movimentos de navios em 100 regiões marítimas.
No segundo trimestre de 2020, em plena pandemia de covid-19, o comércio internacional de mercadorias sofreu uma enorme contração de 15,5%. No terceiro trimestre, a queda foi de 5,1%, e no quarto houve uma recuperação de 0,7%, conforme dados da Organização Mundial do Comércio (OMC). Para 2021 como um todo, a estimativa é de alta de mais de 10% nas trocas globais, em volume.
Agora, com o choque da guerra, pode ocorrer uma queda também forte. Vincent Stamer, o chefe do Indicador de Comércio Internacional do Instituto Kiel, diz que as trocas já vinham desacelerando desde o começo do ano. E que, com a ameaça crescente de guerra por parte de Vladimir Putin, na metade de fevereiro, já havia impacto no comércio.