Sistema da USP dribla burocracia e reduz tempo de desembaraço de cargas de 57h para 1h30

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O chip instalado no lacre do contêiner faz as vezes do calhamaço que é levado pelo caminhoneiro
              O chip instalado no lacre do contêiner faz as vezes do calhamaço que é levado pelo caminhoneiro

Um software promete reduzir a burocracia e agilizar o transporte de cargas, dois dos gargalos que mais prejudicam a competitividade brasileira. Atualmente, o país perde US$ 83,2 bilhões por ano por causa de problemas na logística. Batizado de Canal Azul, o sistema foi desenvolvido no departamento de engenharia de energia e automação elétrica (Gaesi) da Universidade de São Paulo (USP). Integrado a um chip que vai no contêiner, o software informa todo o trajeto das mercadorias que vão dentro dele, eliminando papéis e procedimentos burocráticos que tornam o processo de desembaraço muito lento.

Chamado de lacre eletrônico, o dispositivo foi desenvolvido por pesquisadores, pela indústria e pelo governo para diminuir a burocracia e economizar gastos. O chip instalado no lacre do contêiner faz as vezes do calhamaço que é levado pelo caminhoneiro. Enquanto o contêiner é lacrado, um funcionário cadastra a carga no sistema. No porto, as informações aparecem na rede de computadores da Vigilância Agropecuária (Vigiagro). O fiscal abre o certificado sanitário e confere as informações.

Segundo Vidal Melo, aluno de doutorado da Escola Politécnica da USP, que trabalha no Gaesi e é o coordenador técnico do projeto, o conceito “acaba com a necessidade de um processo em papel acompanhar a carga”, fazendo com que gere uma cópia no lacre que acompanha a carga. Graças à digitalização, o processo pode ser distribuído eletronicamente a todos os órgãos envolvidos – como o despachante aduaneiro, a Vigiagro, a Receita Federal –, fazendo com que não seja preciso mais aguardar o caminhão chegar ao porto com a documentação em papel.

Trocando em miúdos, “todas as etapas necessárias relativas àquele processo podem ser adiantadas durante a viagem do caminhão entre a fábrica – no caso os frigoríficos – e o porto”, explica Melo, que é dono da Pirus Tecnologia, empresa incubada na USP que irá comercializar o software.