Projeto Polinizando o Pampa: monitoramento revela boa saúde das abelhas sem ferrão

0
703
IMPRIMIR

Os produtores que receberam as caixas no mês passado estão sendo visitados pela equipe do projeto que realiza o monitoramento das colmeias.As biólogas analisam a saúde das abelhas e adaptação da espécie aos locais onde foram entregues. Além disso, orientam sobre o manejo sustentável da jataí. No local são realizadas observações em uma planilha de monitoramento das colmeias, onde são anotadas informações como número de potes de mel, potes de pólen, presença de inimigos naturais, entre outros.Nessa etapa, os produtores rurais passam a exercer a Meliponicultura, criação de abelhas sem ferrão. Segundo a bióloga e doutora em Zoologia Rosana Halinski, coordenadora do Projeto Polinizando o Pampa relata:“Está sendo uma satisfação muito grande realizar essa etapa. Estamos trocando experiências, onde cada um mostra a sua região, o que planta, quais os animais que criam na propriedade, as dificuldades de cada um. Por exemplo, algumas regiões têm muitas formigas, e já implantamos várias estratégias, como utilização de graxa, de lã, e construções diferenciadas para impedir a subida das formigas na colmeia. Cada região tem diferentes desafios e isto demonstra a importância do monitoramento”.

Projeto que selecionou 15 produtores da região Sul, chega na 3ª etapa e já entregou 10 caixas com colmeias para cada produtor

Halinski também anunciou que o monitoramento será realizado mensalmente e salientando: “Entendemos que essa troca não pode ser só teórica. Já tivemos uma capacitação, onde mostramos fotos sobre os hábitos das abelhas. A parte prática é muito importante. Temos seguidamente mudanças de temperatura que ocorrem durante as estações e precisamos ver na pratica como a colmeia se comporta durante essas mudanças. Será essencial para os novos meliponicultores aprenderem as mudanças na colmeia em cada uma das estações do ano”.

 

REPOVOAR O PAMPA

O pecuarista Gérson Crizel cria abelhas desde os 18 anos, hoje com 58, mantém uma propriedade na região do Banhado do Maçarico e cria gado Angus, mas viu no projeto Polinizando o Pampa uma forma de melhorar a saúde do planeta. “Acredito que o projeto possa contribuir para diminuir a degradação do bioma. O meu objetivo não visa lucrar com a produção de abelhas sem ferrão e, sim, repovoar o pampa. Para isso ocorrer é importante o envolvimento de todos os setores ligados ao agronegócio. O monitoramento feito em minha propriedade revela que a saúde das abelhas está ótima e a tendência é melhorar. Eu sou pecuarista e entendo de gado, e o trabalho das biólogas do projeto tem sido fundamental para darmos continuidade ao projeto. Temos que melhorar o pasto nativo e para que isso tenha sucesso precisamos da ajuda das abelhas”,destacou Crizel.

 

 

 

O projeto Polinizando o Pampa começou a distribuir o ano passado10 caixas com as abelhas entre os 15 produtores selecionados, cujas propriedades estão localizadas próximas à reserva da Vida Silvestre Banhado do Maçarico, à área de proteção ambiental Lagoa Verde e à Ilha dos Marinheiros. Em contrapartida, os produtores precisam participar de capacitações, receberem mensalmente os pesquisadores nas suas propriedades e responder a questionários socioeconômicos e ambientais durante o projeto. A iniciativa também contará com educação ambiental nas escolas da região, jardins urbanos e diversos materiais educativos sobre abelhas. Atualmente, no Rio Grande do Sul, existem 24 espécies de abelhas sem ferrão. No Brasil, varia de 300 a 400 espécies.

Da esquerda para a direita Tatiana Kaehler, Rosana Halinski (biólogas do projeto), Michele Momo Peixoto,Isabella,Eduardo e Pedro Fruet na estância Santa Maria & Isabella no Banhado do Maçarico

O secretario do Meio Ambiente da cidade do Rio Grande avaliou os seis primeiros meses do projeto como positivo. Pedro Fruet esteve acompanhando semana passada a entrega de 10 caixas com colmeias ao produtor Eduardo Peixoto proprietário da estância Santa Maria & Isabella localizada no Banhado do Maçarico. “O Peixoto nos procurou para iniciarmos esse projeto e a Prefeitura prontamente atendeu ao pedido, avaliando que esse é um projeto que tem um potencial enorme, não só para a questão de poder oferecer para o futuro um incremento de renda para os produtores, mas, sim, pelo fato de que ele é um projeto de busca que visa recuperar o pampa que é um bioma que vem sofrendo muito nas últimas décadas e, também, funcionando como uma oportunidade de promover a conservação da biodiversidade através de um projeto bonito que utiliza as abelhas como uma espécie de bandeira que ajuda na questão da polinização e que pode trazer muitos benefícios não só para o homem, como também para o meio ambiente”, disse Fruet.

Peixoto lembra que o projeto na estância Santa Maria &Isabella começou com o projeto de melhoramentos de campos nativos e da criação de abelhas sem ferrão e de outras espécies, como a Manduri e a Mandaçaia.“As nossas experiências de inverno não foram positivas com essas espécies. Entramos em contato com a secretaria do meio ambiente e prefeitura do Rio Grande e adaptamos esse projeto para melhorar a qualidade técnica, o melhoramento, a produção e a polinização do pampa. Foi feita uma licitação e buscamos apoio da Receita Federal, do Ministério Público, onde apresentamos a ideia do projeto. Hoje fico feliz porque com a participação da Prefeitura e do Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente (Comdema), o “Polinizando o Pampa” ganhou asas e hoje está disseminado em vários locais. Tenho certeza que vai gerar melhorias importantes para o Pampa Gaúcho, que sempre foi nosso grande objetivo”, destacou Peixoto.

 

A biólogaTatiana Kaehler na propriedade de dona Vera Silva na Ilha dos Marinheiros analisando as colmeias e orientando a produtora.