Pré-sal: empresas quebrando

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por Erik Azevedo

Já não é nenhuma novidade que o setor da indústria marítima que vem apresentando constante crescimento há alguns anos é o offshore (apoio marítimo), segundo informações prometem para o ano de 2020 um universo de 686 embarcações de apoio – estas são as previsões mais otimistas, caso os projetos atuais sejam concretizados – segundo a ABEAM, que é a Associação de Apoio Marítimo, que congrega a maioria das empresas que operam no Brasil, mesmo esta quantidade ainda privilegia embarcações de outras bandeiras em sua maioria de propriedade de empresas fora do Brasil, significando empregos e divisas gerados aqui mas enviados para fora – afretamento de PSV/AHTS estrangeiros atualmente é de US$ 4,5 bilhões por  ano.

Empresas quebrando

 

Porem apesar de parecer números grandiosos – lembre se que são previsões – o cenário atual não é muito promissor pois alguns gargalos estão afetando o setor, principalmente a lucratividade dos negócios. Não podemos ser ingênuos, todas as empresas estão no mercado para lucrar, se as margens de lucros estiverem abaixo do esperado, ou no vermelho, empresas tem a opção de mudar de área – no caso as estrangeiras – ou até encerrar suas atividades. Justamente isto é o que hoje assombra o mercado, tanto para o lado das empresas e tanto para nós que trabalhamos, pois sem empresas ou sem embarcações que seria a mesma coisa, estamos literalmente na pedra. Segundo informações bem confiáveis, uma empresa bem tradicional no nosso mercado esta por um fio, isto já não é uma grande novidade, mas por questões óbvias não podemos dizer qual é a empresa, mas infelizmente quem sofre as consequências diretas da queda de uma ou mais ou várias empresas é o tripulante e óbvio também o pessoal de terra.

Difícil mesmo imaginar tal situação que beira a aberração, pois o mercado, ou melhor a principal cliente continua a afretar mais embarcações, porem algumas empresas vem sofrendo com pesadas multas contratuais, isso por causa dos atrasos nas entregas de novas embarcações encomendadas em estaleiros Nacionais. No Brasil temos uma Lei de Conteúdo Nacional Mínimo, e com isto tanto as clientes quanto as empresas de navegação ou offshore são obrigadas a cumprir, na teoria isto é ótimo para economia local, gera empregos e lucros aqui; mas na prática fica difícil cumprir as exigências. Este ramo de navegação e construção naval, fora do Brasil atingiu níveis de eficiência muito acima dos “nossos”, qualquer estaleiro lá fora entrega em tempo mínimo um PSV ou AHTS, mas infelizmente por aqui alguns estaleiros ainda vivem no período da deficiência do jeitinho da gambiarra e com isto os atrasos nas entregas de novos navios vão se acumulando por meses, chegando a quase 1 ano de atraso nas obras, quem paga é a empresa que encomendou no caso a empresa de “apoio marítimo”, e o cliente precisa da embarcação, e se não cumprem os prazos contratuais, as multas são pesadas. Há empresa hoje pagando até 1 milhão de reias dia de multa, bem para qualquer pessoa com o mínimo de bom senso e conhecimento sabe que pagar um valor desses por mais que empresas tenham um lastro financeiro, chega um momento que fica insustentável tal situação; por isso algumas empresas estão quase encerrando atividades. Alguns podem achar até “positivo”? Bem pois outra empresa irá suceder a que cair, isso é óbvio, mas as sucessoras são empresas de fora do Brasil, os novos players no mercado atual, são empresas de Cingapura, Malásia, Índia, etc. Estas empresas oferecem contratos mais baixos que até as locais, e claro os salários sofrem reflexos diretos, além dos empregos, pois estas embarcações chegam já tripuladas.

Sem diques para reparos

Outro gargalo é a carência de estaleiros e diques para docagem. Atualmente não há muitas opções para reparo naval, e com aumento da frota requer mais reparo de embarcações, hoje é normal uma docagem ocorrer com até ano de atraso, o que é muito complicado pois toda embarcação é obrigada a cumprir legislações básicas de classificação, e em geral esta docagem é estipulada entre prazos que não são muito variáveis, além dos atrasos na construção de embarcações que afetam diretamente a lucratividade e o desenvolvimento do setor há também este gargalo.

Alguns dados aproximados: PSV/AHTS/LH Nacionais*: 211 Estrangeiros: 239 Marítimos brasileiros de todas as funções: 12500 (aproximadamente), oficiais 4 000 (Náutica/Máquinas).

Custo com PSV/AHTS estrangeiros atualmente é de US$ 4,5 bilhões por  ano.

*Muitos destes tem apenas registro no Brasil, porem são de propriedade de empresas estrangeiras. Números – ABEAM.