O Prático que encalhou o navio Höegh Osaka sabia o que estava fazendo

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O incidente o correu quando o navio entrava nas Águas de Southampton com destino a Alemanha, carregado de veículos

Tradução do texto original em inglês publicado pelo site Sea News 

Para quem não é profissional da área, parecia um desastre. O Höegh Osaka, um grande navio transportador de veículos que presentemente repousa inclinado em águas rasas ao largo do porto de Southampton, foi levado para o raso por sua tripulação na noite de sábado, e imagens do navio – repousando ali, semi afundado no estreito de Solent – vem desde então dominando a mídia do Reino Unido. No entanto, a decisão deliberada de encalhar a embarcação não foi um acidente infeliz.

 

Domingo, 11 de janeiro de 2015, 11h 19m (GMT) Para quem não é profissional da área, parecia um desastre. O Höegh Osaka, um grande navio transportador de veículos que presentemente repousa inclinado em águas rasas ao largo do porto de Southampton, foi levado para o raso por sua tripulação na noite de sábado, e imagens do navio – repousando ali, semi afundado no estreito de Solent – vem desde então dominando a mídia do Reino Unido.

 

No entanto, a decisão deliberada de encalhar a embarcação não foi um acidente infeliz. Domingo, 11 dejaneiro de 2015 Pelo contrário, foi uma atitude de maestria na condução e no manejo de navios. “Tudo poderia ter sido muito pior”, disse o presidente da Associação de Práticos do Reino Unido (UK Maritime Pilots’ Association – UKMPA). A empresa armadora do navio disse em pronunciamento que o comandante e o prático do Höegh Osaka perceberam que o navio adernava perigosamente para um dos bordos, e decidiram encalhá-lo deliberadamente a fim de evitar maiores avarias. A Business Insider conversou com o Comandante Don Cockrill, prático do porto de Londres e presidente da UKMPA, a fim de entender o que realmente aconteceu a bordo. “A rapidez no pensar, nas decisões e nas ações do prático de Southampton a bordo do Höegh Osaka, juntamente com o Comandante do navio e sua equipe tiveram como resultado não somente evitar um grande evento de proporções catastróficas para o navio, mas o que é mais importante, salvar a vida dos 25 tripulantes”, disse ele. Don Cockrill explicou que sempre que um navio daquele porte deixa o porto, o comandante é auxiliado por um prático desse porto, que literalmente dirige o navio até águas seguras.

 

É um trabalho árduo: “os navios crescem cada vez mais; no entanto, os portos permanecem os mesmos, como eram há décadas atrás”, disse Cocrkrill. É como ter a mesma garagem e comprar um carro maior: ele poderá caber, mas será mais difícil colocá-lo lá dentro. Cockrill reconstituiu o que ocorreu a bordo do Höegh Osaka no sábado à noite: os operadores rapidamente perceberam que algo estava errado e que o navio adernava perigosamente. Antes de perder o controle do navio, o prático e o comandante decidiram encalhar em águas rasas, onde o fundo do mar é mais alto e o Höegh Osaka poderia ser encalhado com segurança. De acordo com Cockrill, a instabilidade não era aparente até que se contornou a curva do Bramble Bank, cerca de uma hora após deixar Southampton, às 20h 20m. O prático teve apenas segundos para decidir que teriam que levar o navio para águas rasas, dar ordens à tripulação, plotar um rumo para o banco de areia e “estacionar” o navio com sucesso sobre ele. Além de reduzir os riscos para a tripulação, isso também manteve livre o canal navegável de acesso a porto.

 

Na realidade, o porto de Southampton está presentemente operando como de costume – a despeito do grande casco encalhado a poucas centenas de jardas de sua entrada. Se o navio tivesse emborcado, as vidas dos tripulantes teriam corrido sério risco, a carga teria provavelmente se perdido, e o porto de Southampton teria ficado obstruído por dias. “Felizmente, havia um prático muito experiente a bordo, que sabia o que estava fazendo”, disse Cockrill. Sobre o que teria, em uma primeira análise, causado o adernamento, “tudo está relacionado à estabilidade do navio”, disse Cockrill. Estamos falando de um grande navio que, no entanto, não é de dimensões extremas, e a análise não revelou até agora qualquer problema mecânico. O mais provável é que alguns tanques de combustível ou de água localizados no fundo estivessem cheios somente pela metade, provocando uma certa instabilidade. O efeito do choque de uma onda contra um bordo ou outro é muito maior do que o esperado, mesmo em um navio grande como esse.” Reuters/Peter Nicholls (sic) Na segunda feira, peritos em salvatagem da Sviter, empresa de resgate de navios, estiveram a bordo do Höegh Osaka para avaliar avarias e inspecionar a carga, relatou a BBC.

 

Uma conferência de imprensa no Grand Harbour Hotel em Southampton na noite de segunda feira confirmou que os peritos em salvatagem poderiam decidir começar a trabalhar no navio no dia seguinte. Isso envolveria rebocar o navio para águas mais profundas e reflutuá-lo lentamente, operação que poderia resolver a situação por volta do meio dia de quarta-feira, quando a maré estiver em seu pico. Ao mesmo tempo, as condições de tempo e de maré têm um papel importante nesse tipo de operação, e a equipe está também considerando a possibilidade de deixar por ora o navio fundeado no local em que se encontra e aguardar por condições mais favoráveis. Isso, no entanto, poderá levar meses, segundo The Telegraph. Existem cerca de 1.400 veículos a bordo, incluindo 1.200 automóveis de primeira classe das marcas Jaguar e Land Rover, 65 BMW Mini e 105 máquinas agrícolas

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