Nível do mar deve subir até 1 metro em 80 anos, aponta relatório da ONU

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Embarcação navega entre pedaços de degelo no mar do ártico — Foto: Christian Aslund/Greenpeace/Divulgação

O nível dos mar subiu 2,5 vezes mais rápido no início do século 21 na comparação com o século 20 e pode se elevar até um metro nas próximas oito décadas por conta do aquecimento global. As informações constam em relatório de especialistas da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre mudanças climáticas, publicado nesta quarta-feira (25).

O documento, divulgado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), órgão ligado à ONU, mostra como o aquecimento global pode afetar os oceanos, as calotas polares e as áreas congeladas em montanhas. Mais de cem especialistas de 30 países participaram do estudo.

Entre os fatores mais preocupantes mostrados pelo relatório estão o aumento no nível do mar, a mudança nos ecossistemas marítimos, a redução do solo que passa todo o ano congelado em países como Rússia, Alasca e Canadá (chamado de permafrost) e as ondas de calor no mar.

Além de apontar os problemas, o relatório também mostra possíveis cenários para o Planeta Terra, caso a temperatura global suba além de 1,5 ºC por ano. Confira:

  • O aumento do nível do mar pode alcançar até um metro de altura até o ano de 2100, caso nada seja feito. Moradores de áreas costeiras e ilhas podem ser atingidos por inundações e terem que ser retirados das suas localidades.
  • O aquecimento da água torna os oceanos mais ácidos, atingindo a vida marinha. 90% das espécies de recifes de coral podem ser afetados, mesmo que o aquecimento se estabilize em 1,5ºC.
  • O derretimento do gelo no solo que passa todo o ano congelado deve liberar mais de 1,5 mil gigatoneladas de gases de efeito estufa. O número é o dobro do carbono que está na atmosfera atualmente.
  • A frequência de ondas de calor no mar pode aumentar em 50 vezes até o final do século 21, chegando a uma variação de 3°C ou 4°C.

Aumento nos mares

Segundo a ONU, os mares estão subindo 3,66 milímetros por ano — 2,5 vezes mais rápido que a taxa de 1900 a 1990. A elevação das águas ocorre principalmente em consequência da retração das calotas polares. E os especialistas projetam que a situação deve continuar: independente da hipótese, o nível dos oceanos seguirá subindo depois de 2100. 

Em um mundo com mais 2°C, o aumento pode ser estabilizado até alcançar um metro em 2300. Mas se as emissões de gases do efeito estufa continuarem no ritmo atual, o aumento será de vários metros, afirma o documento. Segundo o estudo, as regiões de geleiras, como Antártica e Groenlândia, estão perdendo 720 bilhões de toneladas de gelo por ano. 

Regiões costeiras e as ilhas serão as primeiras a serem afetadas pela elevação das águas e mudanças nas marés. Caso o aquecimento global não seja mantido, moradores de áreas mais expostas podem sentir os efeitos a partir de 2050.

A criosfera

Os oceanos e a criosfera, superfícies terrestres cobertas permanentemente por gelo e neve, além da parte do solo que contém gelo, cobrem quase 80% da Terra. Juntos, elas fazem o controle das emissões de gases na atmosfera, alterados por conta do aquecimento global.

A elevação da temperatura da Terra está causando a redução da criosfera, por conta do derretimento da cobertura de gelo do solo. Imagens de satélite usadas pelos especialistas que elaboraram o relatório comprovaram que a cobertura de gelo no Ártico, em junho, encolheu mais da metade desde 1967, quase 2,5 milhões de quilômetros quadrados, atingindo níveis históricos de redução.

Além disso, o derretimento do solo congelado alterou o funcionamento dos ecossistemas em algumas regiões do mundo, principalmente no Ártico. Com o solo mais quente, a dinâmica natural da vegetação da localidade foi alterada. O relatório também aponta que haja uma diminuição de 15% no número de animais marinhos, fazendo com que as capturas da pesca em geral caiam de 21% a 24% até o final do século, por conta das mudanças climáticas.