Menor demanda chinesa gera crise histórica para transporte marítimo

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Operadores afirmam que os armadores na América Latina enviaram minério de ferro do Brasil para a China em 2015 conseguindo cobrir apenas 40% dos custos operacionais

Navios ociosos estão se acumulando nas linhas costeiras do mundo todo à medida que as empresas que transportam minério de ferro, carvão e outras commodities transportadas a granel tentam resistir à pior crise do setor em décadas.

Os navios parados são um sinal alarmante de como a queda na demanda chinesa por commodities está golpeando a indústria global de navegação. Os fretes que as empresas podem cobrar pelo transporte de matérias-primas estão em patamares historicamente baixos, e várias firmas apresentaram pedido de recuperação judicial ou fecharam completamente, dizem operadores.

As companhias que continuam operando são forçadas a tomar decisões difíceis. Alguns armadores estão sucateando navios anos antes do previsto, com objetivo de reduzir o excesso de capacidade. Outros navios são ancorados por semanas, aguardando serem contratados. E cada vez mais navios ficam parados por períodos mais longos, a um custo mensal de US$ 15 mil ou mais.

A crise também afeta as tripulações. “Estamos presos fora de Cingapura [?] esperando por um frete”, disse o capitão de um navio operado por uma empresa que tem ações listadas na Bolsa de Nova York. “O tédio e o calor tropical estão nos enlouquecendo, e meu trabalho agora é apartar brigas entre os tripulantes. É uma desgraça total.”

Operadores estimam que 690 navios de carga a granel, ou cerca de 7% da frota global, estão parados agora. O dobro desses navios provavelmente precisaria ser tirado de circulação para equilibrar a capacidade e a demanda, diz George Lazaridis, chefe de pesquisa e avaliações da firma grega Allied Shipbroking Inc. A Allied intermedia a compra, venda e arrendamento de navios.