Fernando Biral, da SPA: estabilidade em 2021 e otimismo para 2022

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A Santos Port Authority (SPA) trabalha com cenário de estabilidade na movimentação de cargas em 2021, devendo fechar próximo dos patamares de 2020. A administração do porto destaca que houve um crescimento forte nos seis primeiros meses do ano, que desacelerou no segundo semestre devido, entre outros fatores, à queda na safra de milho e açúcar. Em contrapartida, o câmbio tem favorecido e privilegiado as exportações. Para o agronegócio, a avaliação é que a condição macroeconômica tem sido bastante favorável, aumentando o otimismo da autoridade portuária para 2022. A empresa também tem boas perspectivas para os números da movimentação dos terminais de contêineres. “Acabamos sofrendo no segundo semestre, mas acreditamos que para o próximo ano vamos voltar a crescer. Na parte de contêineres, alguns armadores estimam crescimento em torno de 5%. A safra agrícola tem se comportado, nos últimos anos, sempre com aumento. Esse ano não deve ser diferente e devemos ter uma nova safra recorde em 2022. Sempre estamos sujeitos às intempéries, mas a tendência é haver aumento de produtividade e aumento da área plantada”, projetou o presidente da SPA, Fernando Biral, em entrevista exclusiva à Portos e Navios.

Para TEUs, o porto estima crescer dois dígitos sobre 2020, ficando acima de 15%. “O último crescimento estava em 18%, mas talvez caia um pouco para 16%-17%. Em 2020, não tivemos crescimento, ficamos estáveis. Em 2021, tivemos um pouco desse efeito do não crescimento em 2020. Mesmo assim, o crescimento foi ainda maior em função das exportações que cresceram”, disse Biral. Na movimentação de contêineres no porto, a SPA estima fechar 2021 perto de 4,8 milhões de TEUs, ante 4,2 milhões nas operações realizadas no complexo portuário santista em 2020.

A SPA projeta que serão realizados 11 leilões de arrendamento no período de março de 2019 até final de 2022. Cinco desses certames já foram realizados, com contratação de R$ 1,4 bilhão de um universo de R$ 5,7 bilhões em investimentos contratados para o período. A autoridade portuária santista acredita que 2022 será ano com, pelo menos, três leilões de maior porte. Em 2021 um dos destaques foi a licitação do STS-08A (combustíveis), arrematado pela Petrobras. “Os demais estão dentro do cronograma e teremos pelo menos três maiores: STS-53 (fertilizantes); STS-11 (granéis vegetais) e STS-10 (contêineres). Depois teremos outros [leilões] que são menores”, adiantou Biral.

Biral também contou que a SPA espera progredir na contratação do novo projeto básico do VTMIS e que a empresa vem investindo em tecnologia, principalmente voltada para a área de segurança. Contribuindo com a transformação digital da companhia, a empresa também estuda junto a terminais os impactos do 5G. “Essa tecnologia tem aplicação vasta, incrementa a produtividade, vai exigir certo tempo de adaptação, mas achamos que será uma curva rápida de aprendizado e o uso será exponencial. É absolutamente revolucionário o que vamos verificar quando o 5G for implantado. Estamos trabalhando com eles para garantir que essa infraestrutura de telecomunicações seja implementada no porto o mais rápido possível”, destacou.

O presidente da SPA também defendeu o modelo de desestatização e lamentou as críticas que vêm sendo endereçadas ao processo da Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa). Ele disse que grande parte dessa experiência está sendo aproveitada para a desestatização em Santos, que o governo pretende realizar em 2022. Para Biral, o modelo garante segurança jurídica para todos os arrendatários virtuais. “O modelo privilegia competição e estabelece limites para concentração de cargas. Ele estabelece limites para participação do leilão e, mesmo que eventuais arrendatários e operadores portuários participem do consórcio vencedor, terão limites para não serem concentradores de carga”, afirmou.