Alguns dos principais terminais de contêineres do Brasil receberam, nas últimas semanas, um navio com 366 metros de comprimento. O MSC Natasha XIII, atracou nos terminais da TCP, em Paranaguá (PR), e da BTP, em Santos (SP). Levando em conta a dinâmica, as encomendas aos estaleiros e a disponibilidade do mercado mundial, a percepção do setor é que a tendência é aumentar a frequência de navios de 13 mil TEUs a 14 mil TEUs na costa brasileira.
Entre os desafios apontados estão alcançar padrões de capacidade, produtividade e calado para eliminar restrições de carga transportada e permitir o recebimento de rotas regulares. Recentemente, a Hapag Lloyd, que operou duas viagens do Rio de Janeiro Express na costa brasileira, com limitações, foi embora para operar na costa oeste da América do Sul. A embarcação tem capacidade para transportar 13,2 mil TEUs e mede 335 metros de comprimento por 51 metros de boca.
Em janeiro, o TCP (PR) foi o primeiro terminal brasileiro a receber o MSC Natasha XIII, que possui capacidade para transportar 139,7 mil toneladas e 14.432 TEUs. “Um dos pilares de nossa estratégia é atuar como um hub portuário para os armadores, centralizando suas operações de maneira segura e eficiente em nosso terminal”, afirmou a gerente comercial de armadores da TCP, Carolina Brown.
A BTP recebeu, no último dia 1º de fevereiro, o MSC Natasha XIII, marcado como o primeiro navio com 366 metros de comprimento a atracar no cais santista. Até então, o maior navio a atracar em Santos tinha sido o CMA CGM Vela, em outubro de 2022, embarcação que tem 347 metros e capacidade para 11 mil TEUs. Construída em 2018, a embarcação MSC Natasha XIII tem capacidade para transportar até 14,4 mil TEUs em uma única viagem.
Em breve, Santos e Paranaguá devem receber outro navio com dimensões similares desse mesmo armador: MSC Elisa XIII. Já a Cosco planeja trazer três navios de 14,1 mil TEUs para a costa brasileira, em fevereiro: Cosco Shipping Brazil; Cosco Shipping Argentina; e Cosco Shipping Uruguay, todos com 336m de comprimento.
Recentemente, a CMA CGM trouxe o porta-contêineres CMA CGM Bahia, o primeiro navio biocombustível a atracar no TCP. Movido a Gás Natural Liquefeito (GNL), a embarcação do armador francês CMA CGM tem 336 metros de comprimento, 51 metros de boca, e capacidade para transportar 13,2 mil TEUs. A operação na TCP movimentou aproximadamente 1.380 TEUs. O navio também fez escala no Rio Brasil Terminal (ICTSI), no Rio de Janeiro.
O CMA CGM Bahia foi recebido pela primeira vez na Portonave (SC), na última segunda-feira (5). O porta-contêineres realiza o serviço SEAS 1, que faz a ligação da Ásia com a Costa da América do Sul, passando nos portos de Xangai, Hong Kong, Cingapura, Rio de Janeiro, Santos, Navegantes e Montevidéu, entre outros.
A Portonave informou que, até terça-feira (6), foram embarcados 1.762 contêineres e descarregados 878.
O presidente da Autoridade Portuária de Santos (APS), Anderson Pomini, afirmou que o complexo portuário e o governo federal estão empenhados em melhorar a infraestrutura com obras importantes, como a dragagem de aprofundamento e manutenção, a melhoria e ampliação das perimetrais, a construção do túnel Santos-Guarujá, a implantação da pêra ferroviária, entre outras intervenções. Ele considerou a chegada de navios de 366 metros uma marca importante para o complexo, que completou 132 anos em fevereiro.
A MSC reconheceu o esforço conjunto para a primeira escala de um navio de 366m em Santos. Na avaliação da empresa, a atracação do MSC Natasha XIII é fruto de estudos que tiveram início em 2016, pela APS, e contou com diversas simulações da praticagem, além de grande suporte da autoridade marítima. “Com esta escala histórica, a MSC reitera o compromisso em ofertar capacidade de transporte para impulsionar o crescimento do comércio exterior brasileiro”, manifestou a empresa em nota.
A BTP destacou que aguardava, com muita expectativa, a chegada inaugural do navio de 366 metros ao maior porto do hemisfério sul. “O terminal já estava preparado para receber essa nova classe de navios e conta com uma infraestrutura equivalente aos melhores portos do mundo e um time altamente qualificado, focado em operações com índices eficientes de produtividade e segurança”, avaliou a operadora em nota. Após a escala em Santos, o navio MSC Natasha XIII seguiu viagem para a Ásia.
A praticagem de São Paulo ressaltou que, até então, o Porto de Santos havia recebido embarcações de até 347 metros de extensão, com capacidade para cerca de 9 mil TEUs. “Santos é um porto de agronegócios, recebe navios carregados que precisam de dragagem de manutenção. Os navios sempre serão grandes e pesados. Por isso é necessário um trabalho conjunto com todos os entes envolvidos na operação, trazendo inteligência para aproveitar melhor o porto, dentro das limitações”, analisou o prático Carlos Alberto Souza Filho.