Conheça os investimentos da praticagem que favorecem o agronegócio no Brasil

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Simulação na USP para entrada de graneleiros maiores em Santana (AP) (Foto: Divulgação)

Recentemente, um banco de areia surgiu em apenas três dias na foz do rio Tapajós, nas proximidades de Santarém (PA). Seria o suficiente para impedir que embarcações trafegassem pelo local. Mas o problema foi rapidamente contornado, graças ao trabalho de monitoramento constante do fundo realizado pela praticagem.

“Quase surgiu uma ilha no caminho dos navios. Foi preciso fazer uma operação complexa, em apenas uma madrugada, para evitar que as embarcações ficassem impedidas de passar”, lembra Ricardo Falcão, presidente da Praticagem do Brasil. É assim, como parceira dos produtores rurais, que a praticagem atua.

Só na região Norte, onde a exportação de soja e milho aumentou 11% em 2019, o estudo das profundidades dos rios e das marés na foz do rio Amazonas já elevou o calado em 40 centímetros. Resultado: um ganho de carga de mais de US$ 1 milhão por navio.

Sem esse trabalho, no caso do problema identificado no rio Tapajós, cada embarcação deixaria de carregar cerca de 35 mil toneladas. Para os produtores de soja que se utilizam do porto local, as perdas alcançariam R$ 100 milhões por dia, o que aumentaria o frete exponencialmente, comprometendo a rentabilidade da rota.

                  Giro de navio de 347m em Itajaí Crédito Alexandre da Rocha (Foto: Divulgação)

Além da sondagem do fundo marinho, a praticagem instalou marégrafos na foz do Rio Amazonas, ampliando as janelas de passagem para navios mais carregados. O setor participa ainda de simulações que antecedem a implantação de terminais e operações com novas classes de navio, melhorando os projetos e o nível de segurança.

“Trabalhamos para garantir uma operação segura, para a sociedade e o meio ambiente”, afirma Falcão. “Fazemos a nossa parte para garantir a competitividade da agricultura nacional, na medida em que garantimos que a carga flua pelo porto, com os maiores navios possíveis, passando o mínimo tempo entre um terminal e outro, sem interrupções nem acidentes”.

Monitoramento com tecnologia

Já no porto de Santos, o setor implementou um sistema pioneiro de calado dinâmico ampliado para outros portos. O software calcula, com mais precisão, a folga abaixo da quilha do navio para conduzi-lo sem risco de bater no fundo.

O cálculo é feito considerando particularidades do canal de acesso, características da embarcação e dados ambientais coletados em tempo real pela praticagem, que provocam efeitos durante as manobras. Sem essas informações, antes as restrições de operação eram empíricas e conservadoras, a fim de manter a segurança.

A ferramenta diminuiu o tempo de fechamento do porto por restrições de calado de oito dias, em 2013, para 11 horas em 2019. Ao mesmo tempo, trouxe ganhos significativos de carga. O número de manobras de navios com calado acima dos 12 metros cresceu 24%. Dez centímetros a mais de calado representam mil toneladas, ou 65 contêineres extras por embarcação.

A praticagem é um serviço mundial que conduz os navios na entrada e saída dos portos, em águas mais restritas ao tráfego de embarcações, onde os comandantes não têm treinamento para navegar e não estão familiarizados com condições locais como ventos, correntes e marés.

 

                          Centro de operações no RJ Crédito Gustavo Stephan (Foto: Divulgação)

O trabalho do prático a bordo evita acidentes que podem poluir o meio ambiente e até fechar um porto para a economia, o que aumentaria o custo para as exportações e importações. No Brasil, a praticagem vai além e realiza uma série de investimentos que permitem que os navios carreguem mais mercadorias e demorem menos para atracar e desatracar, superando limitações portuárias.

Preço competitivo

E faz tudo isso a um preço competitivo: no porto de Santos, por exemplo, a praticagem custa R$ 0,57 por tonelada de soja, para fazer a entrada da embarcação por 20 quilômetros, atracá-la, desatracá-la após o carregamento e conduzi-la no caminho de volta ao alto-mar.

Para levar a mesma tonelada do Centro-Oeste a Santos, o custo rodoviário é de R$ 392 (US$ 70). Já o terminal portuário cobra cerca de R$ 40 para embarcar cada tonelada e o navio, R$ 202 (US$ 36) para fazer a entrega da mesma quantidade na China.

“Na agricultura, o Brasil está competindo com outros grandes players do mundo. Se os custos de exportação aumentarem, todos nós vamos perder”, lembra Ricardo Falcão. “Por isso trabalhamos para reduzir os custos, aumentar a eficiência, eliminar gargalos e garantir um ciclo positivo para o setor”.

Fonte: Globo Rural