Ciclone extratropical depositou lama na Praia do Cassino, diz nota técnica da Furg

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                                                                  Draga Pearl River / Arquivo
O Sistema de Monitoramento da Costa Brasileira (SIMCosta/Furg) emitiu nota técnica nesta quarta-feira (19) sobre as possíveis causas do aparecimento de lama na Praia do Cassino no começo de dezembro. A suspeita era de que o fato tivesse relação com as obras de dragagem do Porto do Rio Grande, iniciadas no final de outubro. De acordo com o documento, a deposição da lama foi causada pela ação de um ciclone extratropical, responsável por alterar o regime de ventos e sedimentos do estuário da Lagoa dos Patos.
 
A origem precisa da lama, no entanto, e a eventual influência dos trabalhos de dragagem na ocorrência, seguem sendo investigadas. A nota diz ainda que as análises até o momento “não indicam transporte de sedimentos do atual sítio de despejo ou mesmo contribuição do mesmo para a ocorrência de lama na região”. O sítio de despejo foi licenciado pelo Ibama e é anterior ao início do Programa de Monitoramento. De acordo o vice-reitor da Universidade Federal do Rio Grande (Furg), Danilo Giroldo, a nota técnica “reforça os indícios de que a ocorrência de lama não tem a ver com transporte do sítio de despejo”.
 
Além disso, imagens de satélite anexadas ao laudo mostram que já havia uma mancha próximo ao local onde ocorreu o aparecimento de lama antes de se iniciarem as obras de dragagem, explica Giroldo. Entre 2 e 8 de dezembro, um ciclone extratropical promoveu ventos oriundos do Sul com velocidade de até 13,5 metros por segundo ao longo da costa gaúcha. O relatório explica que os ventos nesta intensidade provocam um transporte de massa e volume de águas oceânicas para a costa.
 
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Obras de dragagem do Porto de Rio Grande são suspensas novamente até audiência

A lama virou uma grande batalha judicial. Depois de ser paralisada e liberada, agora a dragagem do porto gaúcho foi suspensa novamente  por uma ordem da Justiça, após uma audiência ontem na Justiça Federal que durou seis horas, até que o Ibama descubra se a lama é ou não causada pelas obras de aprofundamento do canal.

“Estando a obra suspensa e com sua continuidade, se for o caso, também no que tange à forma de realização, condicionada ao prévio exame dos dados e elementos de prova encaminhados pela SUPRG pelo corpo técnico do Ibama, entidade com competência funcional para o exame técnico da matéria, parece claro não ser viável, neste momento, pronunciamento jurisdicional que se antecipe àquele juízo de valor ou que fique condicionado a esta ou àquela deliberação do órgão federal”, escreve o magistrado.

O juiz intimou o Ibama para que o órgão, “além da análise do material já recebido da SUPRG acerca do caso ora tratado, delibere de maneira específica, por meio do seu corpo técnico, também sobre a definição da causa da pluma documentada nas imagens reproduzidas na peça inicial deste processo e sua eventual correlação com a deposição de lama na praia do Cassino”.

A dragagem começou no dia 29 de outubro, mas a lama começou a aparecer na praia no dia nove de dezembro atingindo uma área de cerca de 3,5 quilômetros. Ambientalistas da ONG SOS Cassino acreditam que esse fenômeno é causado pela dragagem, mas a Superintendência do Porto de Rio Grande nega.

Fonte: Redação / Jornal do Comércio- RS