Alterações climáticas ameaçam integridade do Reno, a artéria central do transporte fluvial europeu

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Tem 1.233 quilómetros de extensão e atravessa a Europa de Sul a Norte, desembocando no Mar do Norte – o Reno, eixo fulcral do transporte fluvial no velho continente, vem sendo intensamente afectado pelas alterações climatéricas e corre mesmo o risco de ver a sua utilidade logística evaporar-se com o seu próprio desaparecimento.

Além dos perigos ambientais, o fenómeno coloca em risco a utilidade logística e económica do rio – recorde-se que o trânsito fluvial pesado no rio Reno esteve parado durante um mês no final do ano passado, afectando o transporte de mercadorias no centro da Europa. A estagnação teve influência negativa na indústria alemã e, reporta a Bloomberg, abrandou significativamente o progresso económico na região durante o terceiro e quarto trimestres de 2018.

Foi o último grande aviso sobre os efeitos directos das alterações climáticas na flora do sistema logístico europeu – a paragem de um mês trouxe de novo à baila as preocupações com a viabilidade futura do Reno para o transporte fluvial de cargas e os especialistas temem que se perca um dos eixos mais centrais e conectáveis da Europa: o Reno desagua no Mar do Norte, em Roterdão (cidade que alberga o maior porto europeu), sendo uma via marítima prioritária de várias indústrias que se encontram nas suas margens.

À Bloomberg, vários donos de embarcações vincaram as suas preocupações, lembrando que «os níveis da água estão a diminuir todos os anos» – uma matéria aprofundada também em Portugal, pelo ‘Jornal Económico’. A solução, por agora, tem passado pela introdução de equipamentos extras de flutuação à embarcação de 150 toneladas, na tentativa de fazer subir a linha de água e conseguir colocar o barco em operação.

Mas os donos dos navios sabem que estão no limite da sua operacionalidade. Se as condições continuarem a degradar-se, é possível que o Reno perca a sua possibilidade de navegação, afectando todas as ligações intra-europeias que se efectuam há milhares de anos e que ligam Suíça, Alemanha e Holanda.

Fonte: Revista Cargo (Portugal)