Alta no frete e falta de componentes afetam produção e geram aumento na importação de manufaturados

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O preço de um contêiner médio, que custava entre US$ 1,8 mil e US$ 2 mil, passou para US$ 9 mil e até US$ 10 mil, devido à escassa disponibilidade desse equipamento em escala mundial. E quem precisava de um contêiner não tinha alternativa senão pagar o alto preço cobrado pelo mercado

A forte alta  no preço e a falta de contêineres para embarques têm tirado o sono dos empresários brasileiros que atuam no transporte internacional de cargas e também dos importadores e exportadores. O custo para trazer ao Brasil um contêiner de 40 pés (12 metros) da Ásia para a América do Sul era de US$ 2 mil antes da pandemia de Covid-19. Hoje supera US$ 8 mil e em alguns casos podem chegar a US$ 10 mil. No caminho inverso, a exportação de um contêiner do Brasil para um país asiático saltou de US$ 1,5 mil, em média, para US$ 4 mil a US$ 5 mil.

Essa onda de preços em alta afeta o comércio exterior brasileiro e atinge em especial as importações de produtos manufaturados, sem atingir as exportações, fortemente concentradas em commodities, responsáveis por 75% de todo o volume exportado pelo Brasil.

Ao comentar o assunto, o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, lembrou que em março e abril do ano passado, com o avanço da pandemia, o Brasil começou a ser afetado pela queda de produção em suas indústrias e isso fez com que fossem consumidos os estoques existentes no país, a exemplo do que aconteceu em praticamente todo o mundo, gerando um desequilíbrio entre oferta e demanda mundiais, especialmente de produtos manufaturados.

E é o executivo da AEB quem explica: “isso aconteceu porque os manufaturados são produtos transportados através de contêineres, enquanto nas commodities transportadas por navios especializados o impacto foi pequeno, porque ninguém compra um quilo de soja ou de milho. Compra-se uma ou 100 mil toneladas. O transporte de commodities como soja, minério de ferro e petróleo é feito através dos chamados navios afretados, que saem de um porto para outro, especificamente. Já os navios que devem passar de porto em porto, que são os porta-contêineres, esses foram afetados porque deixou-se de ter carga em um determinado lugar e registrar um excesso de carga em outro. Só que tinha excesso de cargas mas faltavam navios”.