Aeroportos cubanos receberão US$ 150 milhões do BNDES

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Fachada do defasado Aeroporto de Havana, o que afeta o setor de turismo, fonte de US$ 1,8 bilhão ao país em 2013- Ty Wright / Bloomberg/31-05-2012

O BNDES aprovou um financiamento para a modernização de aeroportos cubanos,  que será feita pela Construtora Odebrecht. Embora o banco não forneça o valor, a  data de aprovação e quais aeroportos serão beneficiados, fontes do negócio  confirmam que serão destinados US$ 150 milhões (cerca de R$ 336 milhões) e que o  acordo foi fechado há cerca de 30 dias. O banco confirma, apenas, que o  financiamento está em fase de contratação. É provável, segundo fontes do  mercado, que os valores comecem a ser liberados ainda neste ano.

O financiamento para a melhoria dos aeroportos cubanos está dentro da linha  de exportações brasileiras de bens e serviços de engenharia. O banco afirma que  isso é uma tendência internacional e que beneficia empresas brasileiras, com o  BNDES auxiliando a competitividade das companhias nacionais. “Os desembolsos de  recursos são efetuados em reais, no Brasil, diretamente ao exportador  brasileiro, com base nas exportações efetivamente realizadas e comprovadas”, informou o banco.

O modelo de financiamento aprovado pelo BNDES é o mesmo utilizado pelo banco  para que a Odebrecht modernizasse o porto de Mariel, também em Cuba. Na época, o  financiamento foi de US$ 802 milhões (cerca de R$ 1,796 bilhão pelo câmbio  atual). A primeira parte do dinheiro foi liberada em 2009. Em sua recente visita  à ilha, em janeiro, a presidente Dilma Rousseff anunciou outro financiamento de  US$ 290 milhões (cerca de R$ 650 milhões) para a criação de uma área especial  industrial junto ao porto.

Na ocasião, a presidente lembrou que esse tipo de operação beneficia empresas  brasileiras, é estratégico e gera uma relação “ganha-ganha”, lembrando que esse  financiamento não significa que o país não está investindo em portos no Brasil.  O BNDES não informou o valor total dos financiamentos em empreendimentos de  empresas brasileiras em Cuba.

O governo brasileiro também está apoiando a construção de um grande porto no  Uruguai, que poderá, até, concorrer com terminais do Sul do Brasil, conforme  noticiou O GLOBO em maio. Embora esse apoio ainda esteja em fase inicial, a  operação pode significar mais um empréstimo do BNDES para alguma construtora  brasileira, e, segundo fontes, o valor do negócio pode chegar a US$ 1 bilhão (R$  2,24 bilhões).

No momento, o Brasil está apoiando o país vizinho com informações técnicas,  mas operadores portuários brasileiros reclamam dessa parceria, por se tratar de  um concorrente direto dos portos brasileiros, que terá uma capacidade maior e  menos custos burocráticos.

A Odebrecht confirma as negociações para o Projeto de Ampliação e  Modernização da Infraestrutura Aeroportuária de Cuba, mas a empresa não  conseguiu, até o fechamento desta edição, informar detalhes do projeto e quando  as obras devem começar. A empresa divide a liderança no ranking de financiamento  do BNDES nessa modalidade de crédito com a Embraer desde 2009.

Em 2013, a construtora obteve financiamentos que somam US$ 908 milhões,  abaixo do US$ 1,072 bilhão da Embraer, sendo que esta linha somou, no total, US$  2,5 bilhões. No primeiro trimestre de 2014, dos US$ 367,2 milhões liberados  nesse tipo de financiamento, a Odebrecht recebeu US$ 153 milhões, contra US$ 142  milhões da fabricante de aviões.

A reforma dos aeroportos cubanos é importante para a economia combalida do  país. No ano passado, o setor gerou US$ 1,8 bilhão (R$ 4 bilhões) para a ilha de  11 milhões de habitantes. No total, entraram no país 2,851 milhões de turistas,  número 0,5% acima do registrado no ano anterior, mas ainda distante da meta de 3  milhões de turistas por ano. Os canadenses são o principal grupo de turistas do  país – com mais de um milhão de viajantes –, seguidos de residentes do Reino  Unido, Alemanha, França, Argentina, Itália, México, Espanha, Rússia e  Venezuela.