A relevância do marégrafo para as cidades litorâneas

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       Marégrafo instalado no Com3ºDN supre lacuna no litoral nordestino / Agência Marinha de Notícias

Detalhes do movimento do mar, além do monitoramento de eventos climáticos que afetam atividades portuárias, náuticas, de pesca e até a segurança de comunidades próximas à costa são alguns dos dados recolhidos pelo marégrafo, instrumento utilizado para medir variações do nível da água, em alto-mar e em regiões costeiras.

Em julho deste ano, a Marinha do Brasil (MB), por meio do Centro de Hidrografia da Marinha (CHM), inaugurou uma Estação Maregráfica no Píer do Comando do 3º Distrito Naval, em Natal (RN), para fornecer dados ainda mais precisos sobre a área marítima da região Nordeste, de forma contínua. Existem estações semelhantes em Recife (PE), São Luís (MA), Fortaleza (CE), Fernando de Noronha (PE) e Salvador (BA).

O Capitão-Tenente Felipe Rodrigues Santana, do CHM, foi o responsável pela instalação do marégrafo na capital potiguar. Especialista em Hidrografia pela Marinha do Brasil, Mestre em Ciências Geodésicas e coordenador do Programa GLOSS-Brasil, o Oficial explica que o novo equipamento viabiliza a coleta de dados a serem aplicados na hidrografia, na navegação e no gerenciamento costeiro, por meio da previsão de modelos meteorológicos.

“Com essas informações, produzimos cartas náuticas que, por sua vez, auxiliam a navegação. Com elas, conseguimos, ainda, indicar a localização de faróis, radiofaróis e boias de sinalização no espaço marítimo, onde transita grande parte das transações comerciais do País”, esclarece.

O GLOSS-Brasil é um sistema nacional de observação dos oceanos, que possibilita a coleta, controle de qualidade, distribuição operacional de dados oceanográficos, além do monitoramento oceanográfico e climatológico tropical e no Atlântico Sul. Atualmente, a Rede Maregráfica do Programa GLOSS-Brasil é composta por 13 estações, situadas nas regiões Nordeste, Sudeste e Sul.

O coordenador do GLOSS-Brasil ressaltou, ainda, os benefícios da medição do nível do mar não apenas para a navegação, mas também para a economia, uma vez que, ao conhecer, com exatidão, a profundidade da área marítima, é possível calcular o tamanho do calado — a parte da embarcação que fica submersa — e, consequentemente, a capacidade de carga a ser transportada pelos navios.

Centímetros a mais do calado permitem que os navios transportem maior quantidade de conteiners, ou toneladas a mais de carga. Como a maré pode ter uma variação na casa de metros, imagine o ganho que se pode ter para o porto, para a cidade e para o País, ao utilizar as informações de maré para a navegação mercante!”, explica o especialista da Marinha

Dentre os principais tipos de marégrafos, pode-se citar o sensor de pressão, o sensor radar e o sensor de boia e contrapeso, que calculam variações do nível da água e produzem informações para a cartografia náutica. O primeiro fica submerso para registrar dados de variação da pressão da coluna da água acima do equipamento. O segundo é um sensor que não submerge, mas transmite pulsos eletromagnéticos que são refletidos pela superfície da água, medindo a variação da distância entre o sensor e a linha d’água. O último deles é um sistema no qual a boia fica na água e o peso é conectado a ela por meio de uma fita e uma polia — espécie de roldana.