A bordo do ” Tio Max”, muita ciência e pesquisa

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Mais um equipamento pronto pra operar a bordo do Navio Polar Maximiano (H41). Este “Licor-850” será utilizado para medir a concentração do Dióxido de Carbono, o famoso CO2. Este é um dos gases responsáveis pelo efeito estufa que é benéfico a vida humana no Planeta Terra, porém em excesso na atmosfera causa o aquecimento global e as consequentes mudanças climáticas. Aqui mediremos a concentração tanto na água quanto no ar. Queremos estudar onde e em que condição o oceano atua como fonte ou sumidouro de CO2 para a atmosfera.

 

Antes de partir para a Antártida, a equipe embarcada do Projeto ATMOS finalizou a montagem e instalação da torre meteorológica na proa do H-41

O Laboratório de Estudos do Oceano e da Atmosfera (LOA) tem suas principais linhas de pesquisa voltadas ao estudo da física do oceano, física da atmosfera e da interação entre estes dois meios. O LOA integra vários projetos multi- institucionais de pesquisa. Realiza e apoia campanhas de coletas de dados em cruzeiros oceanográficos no Atlântico Tropical, Atlântico Sul e Antártica (Oceano Austral). Em 2019 participei da 38ª Operação Antártica Brasileira (Operantar), onde conheci o trabalho dos pesquisadores do LOA que coletaram   dados atmosféricos e oceânicos no Atlântico Sudoeste, Passagem de Drake e nas proximidades do Arquipélago das Ilhas Shetlands do Sul para estudar a influência da Antártica no clima da América do Sul. Na oportunidade entrevistei Luciano Pezzi, coordenador do LOA / INPE.

 

                   Luciano Pezzi / Foto Bruna Pavan

Há algum tempo, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais realiza pesquisas na Antártica. Qual a influência do continente no clima da América do Sul?

O Inpe participa das operações antárticas desde o início das atividades científicas naquele continente. A primeira expedição foi em 1982 e teve caráter exploratório, em especial na região da Península Antártica e ilhas adjacentes. A partir do verão 1983-1984, as atividades científicas começaram. Estamos na 38ª Operação Antártica e normalmente os pesquisadores que trabalham com o tema “Antártica” acabam participando das expedições. Há 15 anos participamos das operações antárticas e concentramos muito o nosso trabalho a caminho do continente em uma região que denominamos Confluência Brasil -Malvinas. Trata-se de uma região extremamente importante, conhecida como a área mais energética do mundo oceânico do planeta, onde desenvolvemos vários trabalhos de interação oceano-atmosfera.

Atualmente quais os projetos que o INPE está desenvolvendo na Antártica?

Recentemente começamos um novo projeto denominado “Antarctic Modeling and Observation System” (Atmos) que faz parte do último edital do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), no qual conseguimos a aprovação para desenvolver pesquisas com o nosso conhecimento adquirido na Confluência Brasil Malvinas, na Antártica. O continente antártico é uma peça fundamental no cenário dos padrões climáticos do nosso planeta e consequentemente tem uma influência muito grande no clima da América do Sul. Entre esses dois continentes, existe o que denominamos de trilha de tempestade, onde se encontra também a Confluência Brasil-Malvinas, na qual os grandes ciclones e as frentes frias se formam e acabam atingindo o nosso continente. É importante conhecermos esses projetos físicos para entender o que ocorre com o nosso clima.

A instalação de estações meteorológicas e boias no continente faz parte desse projeto?

Sim. Montamos uma estação em uma praia, em “Martins Head”, ou Ponta do LOA, como foi carinhosamente batizada pelos pesquisadores do Atmos, e que fica na Ilha do Rei George. Já temos uma torre instalada no navio Almirante Maximiano da Fonseca e lançamos uma boia próximo à Ponta do LOA, para fazer medições de ondas. Todos esses pontos de observação, tanto na praia quanto no navio e a boia, nos servirão muito para entender os processos de interação oceano/atmosfera, e continente/atmosfera também, para tentar entender um pouco mais sobre o nosso clima e os processos físicos que ocorrem entre estes ambientes. Mais informações sobre as atividades do Inpe no site do instituto, link Antártica – Projeto Antártico(PAN): http:/www.inpe.br/crs/pan

 

Torre instalada em Martin’s Head,na costa sul da ilha de Rei George nas ilhas Shetland do Sul para coleta de dados atmosféricos ( Foto: Laboratório de Estudos do Oceano e da Atmosfera (LOA- Denni Ferreira)

 

 

A ajuda que vem do alto: os balões meteorológicos na Antártica

 

Especial: Bravo Zulu- No Extremo do Mundo