Dilma já aceita renovar contratos de terminais

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De acordo com a ABTP, as operadoras atuais planejam investir R$ 10,3 bilhões em modernização das instalações e ampliação da capacidade, caso tenham mais tempo de contrato

A presidente Dilma Rousseff já aceita renovar uma parte dos contratos de terminais portuários arrendados à iniciativa privada antes da Lei 8.630/93 (a Lei dos Portos). Essa disposição marca uma reviravolta no tratamento do assunto. Nos últimos meses, o governo vinha deixando clara a intenção de relicitar 98 terminais, que correspondem a 54% de toda a carga movimentada nos portos do país. Os contratos já venceram ou estão por vencer. Agora, a tendência é renová-los, por um prazo de até 25 anos.

A rigor, o governo trata esse mecanismo como uma “adaptação” dos contratos à Lei dos Portos. Para dar mais tempo aos operadores atuais, no entanto, Dilma exigirá compromissos explícitos de investimentos em aumento da capacidade. Além disso, quer garantias de que os terminais não vão operar com ociosidade, podendo ser usados por outras empresas, mediante o pagamento de tarifas à arrendatária das instalações. Só com o cumprimento de tais condições ela admite uma renovação dos contratos, pelo tempo necessário para amortizar os novos investimentos. Ou seja, haverá prazos diferentes para cada terminal.

Apesar de intensas discussões no Palácio do Planalto, nas últimas quatro semanas, a questão ainda não foi fechada e está sujeita a mudanças. Por isso, não há definição sobre a participação dos portos no “PAC das Concessões”, que a presidente deseja lançar ainda em agosto. O certo é que haverá mexidas importantes no marco regulatório do setor.

De acordo com a Associação Brasileira de Terminais Portuários (ABTP), as operadoras atuais planejam investir R$ 10,3 bilhões em modernização das instalações e ampliação da capacidade, caso tenham mais tempo de contrato. Os terminais públicos que foram arrendados pela União antes de 1993 estão espalhados por 19 portos, incluindo os maiores, como Santos, Paranaguá e Itaqui.

O que preocupa o Palácio do Planalto, segundo auxiliares de Dilma, é a situação de terminais mantidos por empresas de combustíveis. Dos 98 terminais com contratos vencidos ou por vencer, 19 são usados para o armazenamento de gasolina, óleo diesel e etanol, principalmente nas regiões Norte e Nordeste. A maioria pertence à Petrobras ou às suas subsidiárias, como Transpetro e BR Distribuidora, mas também há instalações da Esso, da Texaco, da Shell / Cosan e da Ipiranga.

Um eventual desarranjo, a partir de licitações com resultados imprevisíveis, poderia comprometer os atuais esquemas logísticos para a distribuição de combustíveis nessas regiões. Os terminais de combustíveis estão localizados em sete portos: Itaqui (MA), Belém (PA), Santarém (PA), Cabedelo (SE), Recife (PE), Paranaguá (PR) e Rio Grande (RS).