Volume de projetos pressiona estaleiros a investir e crescer

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Trabalho segue em ritmo acelerado no EAS, em Suape-PE

 Por Bia Teixeira / Revista Petróleo & Energia 

Ainda que em águas por vezes revoltas, a indústria naval brasileira continua a singrar os mares da bonança iniciada nesta última década, depois de quase vinte anos de calmaria – e até mesmo estagnação do parque produtivo brasileiro. Levantamento feito pelo Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval) mostra que no primeiro trimestre deste ano havia nada menos que 386 obras em andamento nos estaleiros do país. A tonelagem de porte bruto (TPB, que mede a capacidade de carga de um navio) da carteira de encomendas chegou a 6,9 milhões (700 mil toneladas a mais do que em dezembro de 2011).

O emprego direto nos estaleiros nacionais totalizou 58 mil trabalhadores em março, mantendo o nível dos últimos meses. Houve uma redução de mil empregos em relação ao final de 2011, por conta da conclusão de alguns projetos, como o navio de produtos Celso Furtado, entregue pelo Estaleiro Mauá (RJ), e o casco do navio-petroleiro João Cândido, finalizado pelo Estaleiro Atlântico Sul (EAS-PE).

O EAS, que festejou com o então presidente Lula e uma multidão de empresários e autoridades o batimento de quilha (solenidade que marca o início da construção) do primeiro navio do Programa de Modernização e Expansão da Frota da Transpetro (Promef), entregou a encomenda com 21 meses de atraso e vai ser multado pela subsidiária da área de logística da Petrobras.O ônus poderá ser ainda maior, se a estatal decidir também punir o estaleiro pelo atraso na entrega do casco da P-55, para integração no estaleiro Rio Grande (RS), que obrigou a Petrobras a adiar para 2013 o início de produção de petróleo da unidade, com capacidade para 180 mil barris diários, a ser alocada no campo de Roncador, na Bacia de Campos. Na cerimônia de entrega do João Cândido, em 25 de maio, em Pernambuco, Graça Foster não exibia a mesma alegria demonstrada por Lula no evento de quase dois anos atrás.

Empregos devem crescer – Presidente do Sinaval, Ariovaldo Rocha afirma que a geração de empregos deve ser ascendente nos próximos meses, por conta do início da construção de outros empreendimentos que tiveram prioridade de financiamento pelo Fundo da Marinha Mercante (FMM). Esse fundo praticamente quadruplicou os desembolsos ao setor nos últimos cinco anos.

A geração de empregos deve ser ampliada com a conversão de cascos para a construção de plataformas de produção tipo FPSO no Estaleiro Inhaúma (RJ), além das 35 sondas de perfuração em construção ou com contratos anunciados com a Ocean Rig e Sete Brasil.

Os cinco navios-sondas da Ocean Rig e do Consórcio Grupo Synergy serão construídos nos Estaleiros Eisa e Mauá. Das 30 sondas contratadas pela Sete Brasil, sete estão previstas para o EAS, enquanto os estaleiros Enseada do Paraguaçu, Jurong Aracruz e BrasFELS ficaram com seis unidades cada um. O estaleiro OSX recebeu encomenda de outras duas, enquanto o Rio Grande Estaleiros recebeu três.