O primeiro passo, destaca o glaciologista Jefferson Cardia Simões, coordenador da proposta e membro da Academia Brasileira de Ciências, já foi dado. Pelo menos no papel, o prédio que abrigará o Centro Polar e Climático (CPC), a ser erguido na entrada do Campus do Vale, no bairro Agronomia, já tem uma cara.
Será uma edificação de cerca de 3 mil metros quadrados de área, no formato de um navio, em alusão à maneira mais comum de acesso ao continente gelado. O espaço incluirá um museu temático aberto à visitação, um auditório e laboratórios de altíssima tecnologia, a ponto de tornar o local uma referência na América Latina.
– Queremos que o CPC receba pesquisadores de renome, doutores e pós-doutores, e também alunos dos ensinos Fundamental e Médio, das redes pública e privada – destaca Simões.
Outro benefício, segundo o climatologista do CPC, Francisco Aquino, será a possibilidade de Porto Alegre sediar conferências nacionais e internacionais de clima, mobilizando estudiosos e curiosos. Isso significa que, além de contribuir para o avanço científico, o novo centro poderá turbinar a economia da cidade. E do Estado.
Para tanto, a intenção dos idealizadores é de que os visitantes sejam surpreendidos logo na chegada, quando depararem com um ambiente moderno e sustentável.
– A ideia é que o projeto seja certificado por levar em conta as questões ambientais – afirma o arquiteto Marcel Schacher, diretor da MS Estúdio de Arquitetura, responsável pelo visual.
O desafio, agora, é tornar o sonho realidade. Segundo Simões, por enquanto, a universidade tem apenas 50% do valor estimado da obra – que é R$ 3 milhões – e ainda precisa ser licitada. O restante, ele espera conseguir por meio de outras fontes:
– Gostaríamos do apoio da iniciativa privada. Tenho certeza que haverá empresários interessados em ajudar.
juliana.bublitz@zerohora.com.br
Conheça o projetoConfira como será o prédio do Centro Polar e Climático:
– No formato de uma embarcação, o espaço terá cerca de 3 mil metros quadrados de área e contará com espaços para visitação e pesquisa.
– Concebido para ser ambientalmente sustentável, terá cisternas para acumular água da chuva e reutilizá-la, assim como “telhado verde”, áreas de transparência para receber a luz solar e ventilação natural.
– Do lado de fora, será rodeado por jardins temáticos e estacionamento. SUBSOLO
– Será equipado com dois laboratórios científicos de alta tecnologia, com câmeras frias a uma temperatura de -30°C a -40°C, onde os cientistas poderão analisar amostras de neve e gelo coletadas na Antártica e nos Andes.
– Contará com um espaço de armazenamento para os equipamentos usados pelas equipes em suas pesquisas de campo – como roupas polares, trenós e demais veículos utilizados na neve e perfuradoras de gelo – e com oficinas para a manutenção do material científico.
1º ANDAR
– Abrigará um museu interativo, que contará a história da exploração das regiões polares, com exposição de mapas, equipamentos e adereços usados por exploradores no presente e no passado, entre outros itens.
– Terá um auditório para 200 pessoas, que servirá de palco para palestras, conferências, cursos e discussões relacionadas às mudanças climáticas, voltadas para o público em geral e os especialistas.
– Receberá um balcão de atendimento, banheiros e possivelmente um café.
2º ANDAR
– Será ocupado por salas de estudos, que serão destinadas a pesquisadores do centro.
3º ANDAR– A intenção é que também abrigue salas de pesquisa e laboratórios com computadores. O QUE FALTA PARA SAIR DO PAPEL
– Por enquanto, a UFRGS conta com 50% do valor estimado da obra (R$ 3 milhões).
– O anteprojeto está pronto, mas ainda falta abrir licitação para a construção.
– Para conseguir os recursos que faltam para erguer o centro de pesquisa, a intenção é buscar apoio não apenas no governo federal, mas também em outras fontes de financiamento, incluindo a iniciativa privada.