Tortura, mutilação e caça ilegal de animais silvestres na Reserva Ecológica do Taim (RS)

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MPF em Rio Grande denuncia três pessoas por crueldade e mortes de capivaras. Vídeos expondo os maus tratos foram compartilhados em redes sociais. Grupo foi também denunciado por associação criminosa por praticar caça rotineiramente.

O Ministério Público Federal denunciou três homens no dia 12 em Rio Grande (RS), por maus tratos, mutilações e mortes de 9 capivaras nos limites da Reserva Ecológica do Taim.

Os réus postaram vídeos em redes sociais, na data dos fatos, em que aparecem torturando capivaras vivas com pedradas e chutes. A filmagem registra o uso de cães nos maus tratos aos animais silvestres, a degola de uma das capivaras que, ainda viva, teve a dentição quebrada a golpes de faca. Os denunciados também fotografaram-se diante dos animais abatidos.

A investigação deflagrada revelou a identidade dos denunciados, o local onde os fatos criminosos ocorreram e demais circunstâncias que revelaram prática contumaz de caça, inclusive com intenção comercial. O trio foi denunciado pelos crimes de caça majorado e de maus-tratos, delitos previstos nos artigos 29, §4.º, inciso V e §5.º e artigo 32, “caput”, ambos da Lei 9.605/98, bem como por crime de associação criminosa do art. 288 do Código Penal.

A denúncia, assinada pelo procurador da República Daniel Dalberto, contém farta documentação em fotos e em vídeos que comprovam as atrocidades praticadas contra as capivaras. As imagens e filmagens “mostram ações com requintes explícitos de crueldade, causando sofrimentos desnecessários a animais indefesos”, caçados ilegalmente.

As investigações revelaram que os denunciados caçam costumeiramente animais silvestres (capivaras, jacarés e lebres) e ainda os vendem. Buscas nas residências dos acusados encontraram evidências – cerca de doze quilos de carne de capivara congelada, uma espingarda de pressão, uma foice com vestígio de um pequeno pedaço de carne, um martelo, um facão, cerca de 10 metros de corda, cartuchos de munição, e mais aparelhos de celular, um pendrive e um notebook com as fotos e os vídeos documentando os crimes.

A peça criminal diz que o conjunto probatório, composto também por diversos testemunhos, demonstrou a prática reiterada da caça de animais silvestres: “as imagens, e principalmente os vídeos, demonstram a naturalidade com que os acusados maltratam e matam os animais silvestres”.

A denúncia está tramitando na 1ª Vara da Justiça Federal de Rio Grande – Ação de Crimes Ambientais nº 5001034-75.2021.4.04.7101. Se condenados, os acusados podem pegar pena de 7 anos de reclusão e mais multa.