Terminais portuários ampliam disputa contra Maersk e MSC

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A alegação da ABTP é que as companhias de navegação, na hora de escolher onde atracar os navios, estariam priorizando seus terminais próprios, em detrimento de outros, independentes

A disputa entre operadores portuários brasileiros e as gigantes globais de navegação Maersk e MSC deverá escalar nas próximas semanas. Grupos do setor preparam uma ação que questiona a operação dos armadores em terminais portuários no Brasil.

As empresas alegam que há práticas abusivas das companhias de navegação, o que, segundo elas, poderia levar a um domínio do mercado de contêineres no país. Os grupos, porém, afirmam que não há indício de comportamento anticoncorrencial e dizem que não faz sentido penalizar as companhias por serem líderes e quererem investir em seu próprio negócio.

O conflito veio à tona nos últimos meses, com o leilão de um grande terminal de contêineres no Porto de Santos, o STS 10. As companhias do setor querem impedir a participação da Maersk e da MSC na licitação. Hoje, porém, a disputa já vai além desse projeto em específico.

A Associação Brasileira dos Terminais Portuários (ABTP), que reúne 72 empresas, prepara uma ação para questionar a atuação das companhias em todo o país. “É uma denúncia contra o fechamento de mercado que está em curso por conta da dominância desses grupos econômicos”, diz o presidente da entidade, Jesualdo Silva.

A alegação da ABTP é que as companhias de navegação, na hora de escolher onde atracar os navios, estariam priorizando seus terminais próprios, em detrimento de outros, independentes. “Os grupos forçam que a carga vá para seus terminais, por meio de práticas anticoncorrenciais, como a omissão ou redução de escalas em outros portos, ou com a oferta de descontos para quem utiliza os terminais”, diz Silva.

As empresas rebatem a acusação. Em nota, a Maersk afirma que a escolha dos terminais considera “a combinação entre preços competitivos e eficiência operacional” e diz que, em Santos, por exemplo, a maioria dos volumes do grupo são movimentados por um operador independente, e não por seu terminal próprio.

Patrício Júnior, diretor de investimentos da TIL (da MSC), também nega que os grupos beneficiem seus próprios ativos e afirma que há intensa concorrência, inclusive entre Maersk e MSC. Além disso, diz que as empresas de navegação têm parcerias com outros armadores, que não permitiriam uma priorização arbitrária dos terminais.

https://valor.globo.com/empresas/noticia/2022/07/07/terminais-portuarios-ampliam-disputa-contra-maersk-e-msc.ghtml