O sobrevivente do acidente em um navio no Portocel, em Aracruz, que deixou três mortos, já saiu do hospital e relatou o que se lembra em um áudio para amigos, na tarde desta terça-feira (24). “Em fração de segundos, eu já estava desacordado”, relatou. O estivador Vitor Souza Olmo foi socorrido para o posto de saúde da empresa Fibria, no município.
O acidente aconteceu no início da tarde desta terça, no porão de um navio liberiano atracado em Portocel, no litoral Norte do Espírito Santo. A suspeita inicial é de um vazamento de gás. As atividades do porto foram suspensas e as causas do ocorrido estão sendo investigadas. As vítimas que morreram eram trabalhadores portuários.
No hospital, Vitor mandou um áudio para um grupo de amigos em um aplicativo de mensagens, para tranquilizá-los sobre o estado de saúde dele. Ele relatou o que se lembra.
“Eu tava no guincho, lá em cima, final do trabalho. Já era 12h20. Às 12h30 já se sabia que iam interromper as operações. Às 12h20 não vinha mais carreta, então os dois meninos que estavam no porão, o Clóvis e um outro rapaz mais velho, já tavam se posicionando para sair do porão. Eles foram para o lado da vante do navio, onde tinha mais espaço, e simplesmente eu só escuto um dos rapazes gritando que o Clóvis tinha caído no porão”, contou no áudio.
Vitor se lembra de ter pedido socorro para o colega e depois ter ido até o local para tentar ajudar.
“Na hora eu, da janela do guincho, gritei para os arrumadores solicitarem socorro, passar um rádio, achar o conferente, porque o Clóvis tinha caído no porão. Entendo eu que ele caiu pelas madeiras tentando chegar na escada. Desci do guincho. Quando cheguei na boca do porão, o Milagres que estava mais perto da escada foi o primeiro a descer, mas ele desmaiou também lá embaixo. Corri para descer. Eu fui o segundo a descer para tentar socorrer o Clóvis”, lembrou.
O estivador contou que acredita que aconteceu um vazamento de gás, e que só desceu até o porão para ajudar porque não imaginou essa hipótese, pensou que os colegas estavam passando mal.
“Na minha inocência, eu achei que o Milagres tinha desmaiado por ver o Clóvis todo machucado lá embaixo, só por isso eu desci, nunca imaginei que era gás. Quando eu cheguei lá embaixo, vi que o Clóvis estava sangrando muito no rosto, mas estava respirando. Então gritei lá para cima para chamar a emergência porque ele ainda tava vivo. Quando eu terminei de falar isso, eu senti um cheiro muito forte. Não sei se era amônia, mas se não era tinha um cheiro muito parecido. E em fração de dois segundos, eu já estava desacordado, não lembro mais de nada”, finalizou.
De acordo com o Sindicato dos Estivadores e com o Portocel, foram confirmadas as mortes de:
- Adenilson de Carvalho, Suport – 47 anos
- Clovis Lira da Silva, Arrumador – 52 anos
- Luiz Carlos Milagres, Estivador – 64 anos
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