Sem luz há cinco dias, produtores rurais de Rio Grande acumulam prejuízos

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Em uma estrada vicinal, moradores escoraram um poste caído sobre a via para permitir a passagem de veículos. Divulgação

Em reportagem assinada por Fábio Schaffner, GZH destacou na edição de hoje um problema que já virou rotina para os produtores da região do Taim: a falta de energia elétrica e a demora para restabelecer o fornecimento após temporais e ciclones que estão sendo frequentes na região. Uma rotina que tem causado inúmeros prejuízos e pouca atenção do poder público e um descaso da CEEE Equatorial.

Produtores rurais de Rio Grande, no sul do Estado, estão há cinco dias sem energia elétrica. Em plena colheita do arroz, os agricultores acumulam prejuízo com a demora da CEEE Equatorial em restabelecer o fornecimento após a tempestade de quinta-feira passada (21).

A situação é mais crítica na BR-471, que liga Rio Grande à Santa Vitória do Palmar, e na Vila da Quinta. Em uma estrada vicinal, moradores escoraram um poste caído sobre a via para permitir a passagem de veículos.

Dona de uma das maiores lavouras gaúchas de arroz, a Granja Quatro Irmãos suspendeu a colheita e teme ver parte da produção apodrecer nos armazéns. Cerca de 15 mil toneladas estocadas em 17 silos estão sem ventilação.

No pátio da propriedade de 25 mil hectares, 70 caminhões aguardam a volta da energia para serem descarregados. O desabastecimento também afeta as 220 famílias que trabalham na granja. Para garantir água e luz para os funcionários, a empresa alugou dois geradores, ao custo de R$ 15 mil por semana.

— Não sei o que vai acontecer. Já suspendi a colheita, estou com quatro funcionários parados e três caminhões cheios de arroz, sem conseguir descarregar. O arroz que está no campo vai deitar e o que está no caminhão vai apodrecer — desabafa José Henrique Pagani, agricultor que tem uma propriedade lindeira à Quatro Irmãos.

No domingo (24), técnicos a serviço de uma terceirizada a serviço da CEEE trabalharam na rede durante quase todo o dia. A energia voltou por volta das 20h30min, mas voltou a cair cerca de quatro horas depois, durante a madrugada.

Perto dali, o empresário Eduardo Peixoto também teve de providenciar um gerador para não deixar a propriedade às escuras. Dono de uma estância na Vila da Quinta, Peixoto cria 700 cabeças de gado em confinamento.

Ele passou o final de semana ao telefone com o capataz, tentando uma solução para matar a sede dos animais, já que sem energia é impossível bombear água. Nesta segunda-feira (25), Peixoto esteve na sede da CEEE em Porto Alegre, pedindo providências.

— Prometeram religar a luz até o fim do dia, mas precisamos de uma solução definitiva para a região. Em cada vão entre os postes, há quatro ou cinco emendas nos cabos. Ano passado, ficamos 17 dias seguidos sem luz — reclama o pecuarista.

O blecaute não se limita à zona rural.  Na cidade, cerca de 5 mil unidades consumidoras continuavam sem luz nesta segunda-feira. O prefeito Fábio Branco (MDB) decretou situação de emergência e está buscando contabilizar os prejuízos.

— Está insustentável. O atendimento é muito lento, as equipes são despreparadas. Os funcionários da CEEE chegam, olham e não conseguem arrumar os defeitos. Falta resolutividade. Tenho cobrado diariamente, mas não adiante — afirma Branco.

Procurada, a CEEE Equatorial não se manifestou até a publicação desta reportagem.

Fonte: GZH