Rio sente queda na atividade de óleo e gás

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 Eisa da Ilha do Governador, sem pedidos, dispensou três mil operários ERNESTO PORTELLA/FOLHAPRESS/JC
Eisa da Ilha do Governador, sem pedidos, dispensou três mil operários
ERNESTO PORTELLA/FOLHAPRESS/JC

Considerado o berço da indústria naval brasileira, o Rio de Janeiro reflete a forte redução das atividades da indústria de óleo e gás do País. Desde 2015, já foram demitidos cerca de 10 mil trabalhadores. E o número pode aumentar, já que estaleiros como Vard Promar e Aliança vão fechar as portas nos próximos meses, enquanto outros, como o Brasa e o Inhaúma (Enseada Indústria Naval), têm futuro indefinido. Em xeque, outros 4.200 empregos. Isso ocorre após o fechamento do Eisa Petro 1, em Niterói, que demitiu duas mil pessoas em 2015, além do Eisa na Ilha do Governador, que demitiu outros três mil.
O cofre do estado, que já sofre com a queda da arrecadação dos royalties do petróleo, ainda vê o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) do setor naval despencar. Segundo a Secretaria de Fazenda do estado do Rio, o tributo gerado pelo setor caiu de R$ 8,5 milhões, nos primeiros quatro meses do ano passado, para R$ 4,7 milhões no mesmo período deste ano, uma queda de 44,2%. Em 2015, o recuo foi de quase 20%, quando ficou em R$ 17,6 milhões. “Teve a queda do petróleo e a crise na Petrobras. Não tive contrato novo em 2015 e neste ano. Depois que entregar uma embarcação, que já está acabando, vou fechar o estaleiro em Niterói no meio do ano”, disse Miro Arantes, presidente do Vard Promar. “Vou demitir 800 funcionários. Em 2015, eram 1.500 pessoas. Não vejo luz no fim do túnel”, disse. Arantes busca investir em outras áreas na unidade de Pernambuco, hoje focada em embarcações de apoio.
Dos cinco mil operários que circulavam pelas áreas do estaleiro Brasa no pico das obras em 2014, restam menos de 1.200. No prédio da área administrativa de três andares, um está tomado por dezenas de móveis novos sem utilidade, e o pátio, que antes fervilhava de trabalhadores, agora está quase vazio.
O gerente-geral do Brasa, Ivan Fonseca, afirma que, sem novas encomendas, terá de demitir para ficar com apenas 150 trabalhadores em junho. Hoje, o estaleiro conclui as obras do navio-plataforma Cidade de Saquarema, para o pré-sal. Além dos R$ 150 milhões investidos, o executivo lamenta a perda de mão de obra qualificada se o estaleiro não conseguir novas encomendas. “Para não fechar após a entrega da plataforma, estamos procurando diversificar atividades, com reparos em embarcações, apesar de termos limitações, por causa da falta de dragagem na área e do aluguel de áreas do estaleiro para embarcações realizarem serviços. E sonhamos com o pré-sal”, disse Fonseca.
O BrasFels, em Angra dos Reis, sente os mesmos efeitos da crise do setor. Dos nove mil trabalhadores em 2014, restam quatro mil. Desde o mês passado, as obras das três sondas da Sete Brasil foram paralisadas, já que o estaleiro não recebe pagamentos da empresa desde 2014 e só opera com recursos próprios. “O estaleiro tem sido fortemente impactado pelo mercado em deterioração”, disse a companhia. O BrasFels executa obras de duas plataformas para a Petrobras e um navio-sonda para a Modec.
A gerente de Petróleo, Gás e Naval da Firjan, Karine Fragoso, estima que os estaleiros do Rio operam hoje com só 50% de sua capacidade. Marco Capute, secretário de Desenvolvimento do Rio, avalia que tudo é ancorado na Petrobras. “Foram quase 10 mil demissões e forte queda na arrecadação de ICMS. Além da falta de projetos, muitas das encomendas da Petrobras foram transferidas para a China. Não vejo a estatal fazer novas encomendas.