Rio Grande:um programa para qualificar a arborização

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    Mais de 3,8 mil árvores foram inventariadas até o momento (22/05)- Fotos aéreas Jorgito Santos

Com o objetivo de criar uma base de dados sobre a diversidade de espécies de árvores dos principais centros urbanos da cidade, a prefeitura do Rio Grande lançou em junho de 2022 o Programa Municipal de Arborização e Manutenção de Áreas Verdes Urbanas (ProArbo).Na oportunidade foi formalizado um acordo de cooperação técnica com a Universidade Federal de Pelotas (UFPel). A intenção é contar com a instituição para a realização de um diagnóstico sobre a arborização urbana da cidade, criando uma base de dados representativa sobre a diversidade de espécies de árvores, incluindo praças, ruas e avenidas. A iniciativa é coordenada pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SMMA) e utiliza um aplicativo especialmente desenvolvido para o monitoramento e mapeamento da arborização urbana de Rio Grande. “É uma ferramenta capaz de fornecer uma série de informações para subsidiar as políticas públicas de arborização, além de identificar conflitos existentes entre a vegetação e fiações elétricas, por exemplo”, destaca o secretário de Meio Ambiente, Pedro Fruet.

Segundo Fruet, a ideia é criar uma base de dados sobre a diversidade de espécies de árvores dos principais centros urbanos da cidade, incluindo praças, ruas e avenidas, para estabelecer um planejamento estratégico de longo prazo com o objetivo de aumentar a cobertura vegetal e harmonizar a arborização do município. A partir dessas informações, será elaborado um plano de gestão das áreas verdes, o que inclui a produção de um guia de arborização urbana e a atualização da Lei de Arborização. Com este mapeamento, será possível recomendar as prioridades de arborização das grandes avenidas, ruas e praças, apontando as espécies adequadas para estes plantios de acordo com suas características e legislação vigente. Além disso, também se espera, a médio prazo, uma redução dos custos de manutenção com arborização na cidade.

Até o momento o plátano foi a árvore mais recorrente encontrada, apesar de ser uma planta exótica atrai pássaros e traz características marcantes as ruas por possuir folhas diferenciadas. Entre as espécies nativas as mais encontradas foram o jerivá, jacarandá e aroeiras. Espécies nativas são de grande importância na urbanização, por diminuir a probabilidade da presença de pragas e parasitas, visto que são mais resistentes quando presentes em seus locais nativos, quando em comparação com as plantas exóticas.

Manutenção e cuidado com as áreas verdes

Um dos pilares do ProArbo, a erradicação das ervas-de-passarinho, já está em andamento. O combate é feito com a retirada da erva, para permitir que a árvore possa recuperar sua saúde e voltar a se desenvolver. Caso isso não seja feito, a árvore corre risco de queda, o que é especialmente perigoso em ambientes urbanos. A erva-de-passarinho é uma parasita que se fixa aos galhos e troncos formando um bloqueio aos raios solares e prejudicando a fotossíntese, roubando a seiva bruta da árvore-hospedeira, deixando-a oca e podendo causar a morte da planta. O trabalho está sendo executado por técnicos e alunos da UFPEL. São elas: Elisa Teixeira Aires, Bióloga e Mestre em Ambiente e Sustentabilidade; Jéssica da Cunha Ramos, Bióloga e Especialista em Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável; e Amanda Peres Leite, aluna do 8º Semestre de Engenharia Sanitária e Ambiental da UFPEL, além dos coordenadores do projeto Paulo Grolli e Caroline Scherer.

 

           Áreas percorridas até o momento,incluídas ruas analisadas que não possuíam árvores também
 Cada ponto se refere a uma árvore já cadastrada. Mais de 3,5 mil árvores inventariadas até o momento

De acordo com Elisa Aires, o projeto busca, primeiramente, conhecer a realidade da cidade a respeito da arborização, inclusive sobre a quantidade de indivíduos e suas condições. “A importância é entender o que temos na cidade até o momento, quantas árvores existem e quais os principais problemas, para tentar agilizar a resolução deles, visto que muitos chegam pela população até a secretaria e é necessário fazer a fiscalização. Então, com nosso trabalho, já estamos agilizando esse processo enquanto realizamos o levantamento”, diz.

Relação com a comunidade

Ainda segundo Elisa,a comunidade tem sido bem receptiva com a equipe durante a execução do trabalho nas ruas.“ Muitas pessoas vem conversar, tentando entender o que estamos fazendo. Isso tem sido bem positivo, pois muitas nos compartilham histórias de suas famílias, de seus pais ou avós, que foram eles que plantaram as árvores nas calçadas”, comenta. Para a bióloga, essa relação contribui para que, em alguns locais, as plantas recebam um cuidado maior. Porém, essa não foi uma realidade percebida em todos os pontos já trabalhados. “Em outros locais, em contrapartida, o pessoal já é mais desleixado com arborização. Acabam colocando lixos dentro dos troncos, fazendo queima de resíduos e até de velas próximas às raízes, o que acaba sendo prejudicial, por vezes abrindo orifícios e contribuindo para o apodrecimento da árvore”, acrescenta.

Metas

Por se tratar de um programa que trará resultados a longo prazo, a SMMA estabeleceu uma série de metas para orientar o trabalho desenvolvido. Entre elas está a redução de cerca de 70% da infestação de erva-de-passarinho e um atendimento 50% mais rápido às demandas apresentadas pela comunidade, ambas previstas para até 2024. Outros objetivos para 2024 são a implementação do sistema de pedidos online, a conclusão do Inventário Arbóreo Georreferenciado, o aumento de 10% da cobertura vegetal, a produção de um Guia Digital de Arborização Urbana e a atualização do Plano Municipal de Arborização.

Os número do ProArbo

Mais de 3,8 mil árvores inventariadas até o momento – 22/05. É realizado o levantamento em média de 50 árvores/dia

61% não necessitam de intervenção, 39% necessitam de intervenção

Fitossanitário bom/saudável 2.552 árvores (67%), péssimo 278 árvores (7%)

Fonte: Com a colaboração da Secretaria Municipal do Meio Ambiente / ProArbo