Rio Grande na rota do hidrogênio verde

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Na conexão do voo para a COP27, no Egito, a secretária Estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura, Marjorie Kauffmann, antecipou à coluna alguns destaques do estudo da McKinsey para desenvolver uma cadeia econômica bilionária (provavelmente, trilionária) do hidrogênio verde gerado a partir da energia eólica. O Estado contratou a consultoria por R$ 4,9 milhões. 

Como foi realizado o estudo? 

É um mapeamento das possibilidades de se produzir e consumir hidrogênio verde ou derivados, como a amônia verde. O estudo levou 14 semanas, com acompanhamento liderado pela secretaria. Ainda estamos depurando os dados para divulgação em dezembro, quando debateremos com financiadores e apoiadores para implementar essa cadeia no Estado.

O que podemos antecipar?

Que o Rio Grande do Sul tem vários locais que podem servir de palco para essa produção de hidrogênio, não só o porto de Rio Grande, que é um local com muito potencial – e nós já vislumbrávamos isso – pelo potencial eólico e logístico, com navios que podem ser abastecidos. Há mais regiões capazes de produzir a um preço competitivo, também por estarem estrategicamente posicionados perto de cadeias consumidoras, como a Região Metropolitana.

Quais outras regiões se destacam? 

Trabalhamos com vários elementos que podem desenvolver cadeias indiretas do hidrogênio, como equipamentos para o consumo do hidrogênio, de ônibus a aparelhos de eletrólitos. É vantagem ter o polo metalmecânico de Caxias do Sul, capaz de absorver essas tecnologias.

Em Rio Grande, temos estaleiros subaproveitados que podem produzir pás dos aerogeradores para parques eólicos. Nós olhamos o Estado como um todo. Veio forte também a possibilidade de uma cadeia consumidora de amônia verde. 

Há potencial de exportar? A Europa quer comprar. 

Mais para os países vizinhos e outros Estados. Não tanto para a Europa, para onde Ceará e Bahia, por exemplo, são mais competitivos porque estamos mais distantes. Mas não impede. Vamos ter espaço para todos os Estados e cada um vai ter seus atributos.

Para quem pensa em investir, a percepção da secretária é de que essa será mesmo uma nova vocação econômica do Rio Grande do Sul? 

Minha percepção como técnica, antes de como secretária, é que, sim, é uma cadeia viável e, sim, acredito que vá acontecer em um curto espaço de tempo. Trabalhamos com escala de tempo no estudo, do precisa acontecer nos próximos 10, 20 e 30 anos, apontando, inclusive, questões legais que precisam ser resolvidas, incentivos do governo e mão de obra especializada. Temos que unir esforços para não perder o “timing”. Grandes produtores de óleo e gás estão buscando a transição energética, e o farão pelos caminhos mais simplificados e imediatistas, que estão em países como o Brasil, onde tem espaço, vento e energia solar. Não tenho dúvidas de que é uma realidade para o nosso Estado. Partiremos para a inclusão do projeto do hidrogênio verde como estratégico do governo do Estado.

As cifras são mesmo bilionárias e até trilionárias?

Sim, estão diretamente relacionadas com a tecnologia e a grandeza, por exemplo, da energia eólica offshore (em alto-mar). Não são pequenos, são grandes empreendimentos. Mas tem toda uma cadeia agregada que se desenvolve junto, tem a transformação do hidrogênio.

Fonte: Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)