Restrições ambientais podem atingir 80% das exportações agrícolas do Brasil para Europa

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O texto aprovado no Parlamento Europeu, na segunda-feira, representa a posição dos deputados para evitar o desmatamento importado. Agora, haverá negociação entre o Parlamento, a Comissão Europeia e o Conselho Europeu (reunindo os líderes dos 27 países membros) para alcançar o texto final

A proposta do Parlamento Europeu para proibir acesso ao seu mercado por commodities produzidas em zonas desmatadas corresponde a 80% das exportações do agronegócio brasileiro ou 40% do total das exportações para a União Europeia (UE), somando US$ 14,5 bilhões de vendas em 2021 para o bloco, segundo diferentes cálculos aos quais o Valor teve acesso.

Por sua vez, o embaixador do Brasil junto à UE, Pedro Miguel da Costa e Silva, evitou citar cifras, mas destacou que a futura regulamentação europeia poderá ter impacto numa parte significativa das exportações agropecuárias brasileiras. Para ele, com seu plano, a UE pratica unilateralismo e viola as regras da OMC.
Em sua proposta original, a Comissão Europeia tinha proposto proibir a entrada de carne bovina, café, soja, cacau, óleo de palma e madeira, incluindo produtos que contém ou foram fabricados a partir desses produtos, como couro, chocolate e móveis, se não tiverem o selo de “livres de desmatamento”.

Nesta semana, o Parlamento Europeu dobrou a lista, propondo o embargo também para carnes de frango, suína, ovinos e caprinos, milho e borracha, além de carvão vegetal e produtos de papel impresso.

Pela posição dos parlamentares, as commodities não devem ter sido produzidas em terras desmatadas após 31 de dezembro de 2019 — um ano antes do que a Comissão Europeia tinha proposto originalmente.

O impacto sobre o Brasil dependerá de qual percentual será considerado ligado ao desmatamento, e “pode ser pouco, pode ser muito”, conforme uma fonte. Ou seja, não é que todos os produtos exportados pelo Brasil vão ser afetados automaticamente. Mas há um potencial de medidas restritivas ao comércio, com impacto sobre os embarques do país para o bloco europeu.

Independentemente disso, a futura legislação europeia vai gerar novos custos e mais burocracia para os operadores do comércio bilateral. Será necessário provar que não houve desmatamento na cadeia produtiva.
O Brasil exportou US$ 36,5 bilhões no total para a UE no ano passado, dos quais US$ 17,9 bilhões foram de produtos agropecuários.

Conforme dados do Agrostat, do Ministério da Agricultura, somente as exportações de soja, uma das commodities mais visadas pelos ambientalistas, alcançaram US$ 7,84 bilhões para a EU, segundo maior mercado dessas vendas brasileiras, atrás da China.

Fonte: Valor