Principais estados produtores de petróleo querem mais recursos

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Principais estados produtores de petróleo querem mais recursos

Os quatro principais estados produtores de óleo e gás do Brasil — Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santo e Amazonas — estão unidos para pleitear um aumento das compensações financeiras recebidas de petroleiras que atuam em campos com elevada produção ou grande rentabilidade. Representantes dos estados elaboraram propostas de mudanças regulatórias, que serão discutidas com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) em audiência pública marcada para a próxima sexta-feira.

Dentre os pontos defendidos, o Espírito Santo quer que campos que dividem infraestruturas sejam anexados e considerados como uma única área de produção. A medida resultaria em maiores recursos pagos pelas petroleiras aos estados da chamada Participação Especial (PE).

Diferentemente dos royalties, que incidem sobre o volume total da produção de todas as áreas, a PE é cobrada apenas quando a produção ultrapassa determinadas estimativas, o que acontece em campos grandes ou com alta rentabilidade.

— A ideia é garantir uma boa arrecadação de Participação Especial — afirmou o procurador-chefe da Procuradoria de Petróleo, Mineração e outros Recursos Naturais do Espírito Santo, Claudio Penedo Madureira.

Madureira não adiantou quanto as petroleiras poderiam ser obrigadas a pagar adicionalmente, e ressaltou que um maior pagamento de PE beneficiaria inclusive estados não produtores, caso as novas regras de distribuição dos royalties, que aguardam decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), sejam aceitas.

Questões postas à mesa pelos estados estão no cerne de duas disputas judiciais entre ANP e Petrobras, que foram parar na Câmara de Arbitragem Internacional neste ano e envolvem duas importantes áreas: Lula, na Bacia de Santos, e Parque das Baleias, na parte capixaba da Bacia de Campos.

Em ambos os casos, a Petrobras luta contra determinações da autarquia que obrigam a petroleira a anexar em apenas um campo diferentes áreas produtoras – a estatal entende que são campos diferentes.

O campo de Jubarte, que fica dentro do Parque das Baleias, e o campo de Lula são os maiores produtores de óleo e gás do pré-sal, e estão entre os cinco maiores produtores do Brasil. Caso a Petrobras perca a disputa, a petroleira terá que desembolsar receitas extras bilionárias a título de PE ao longo de todo o período do contrato dos dois projetos, que não seriam cobradas caso as áreas fossem divididas. Os dois casos, porém, ainda dependem de decisões judiciais para serem encerrados.

A argumentação do Espírito Santo, segundo Madureira, está baseada em declaração da própria Advocacia-Geral da União (AGU), em defesa da ANP no caso do Parque das Baleias. A ANP quer que a estatal anexe os sete campos que formam o parque e, segundo Madureira, coloca como um dos argumentos para a anexação o fato do parque compartilhar infraestruturas.

— Havendo aproveitamento conjunto de instalações e equipamentos, é um campo só. A gente tem uma esperança de isso prevalecer. Acho que seria muito estranho a ANP editar uma normatização contrariando o parecer jurídico de sua própria procuradoria — disse Madureira.

Procurado, o Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP) afirmou que não iria se pronunciar sobre a questão.