Polos navais no Rio Grande do Sul preparam retomada

0
894
IMPRIMIR
Em Charqueadas, polo do Jacuí recuperou perspectiva de manter contrato para fabricar módulos, de US$ 720 milhões Foto: Diego Vara / Agencia RBS

por Jornal Zero Hora / RBS

O início dos preparativos para a construção de três plataformas em Rio Grande e São José do Norte, mais a parceria entre as empresas Iesa e Andrade Gutierrez, em Charqueadas, afastam o clima de ressaca na indústria naval gaúcha. Com vários estaleiros operando e novas vagas abertas, o número de operários no setor pode duplicar, dos atuais 10,5 mil para mais de 20 mil em 2015 no Estado.

Leia todas as últimas notícias de Zero Hora

Com a conclusão da plataforma P-58 no estaleiro da QGI (ex-Quip), em dezembro passado, mais de 5 mil trabalhadores perderam o emprego em Rio Grande. As demissões não causaram muito impacto na época, já que a assinatura de novos contratos para fabricação de mais duas plataformas no Estado traria uma nova onda de contratações em poucos meses.

Atrasos na preparação e a demora para a nova convocação ao trabalho, no entanto, geraram clima de incerteza entre os operários. A admissão de 6 mil trabalhadores, antes prevista para abril, deve começar a partir de setembro, quando começar de fato a fase de construção.


 

No Estaleiro Rio Grande, operado pela Ecovix/Engevix, também em Rio Grande, são cerca de 8 mil operários no momento, entre empregos diretos e indiretos, atuando na fabricação de oito cascos construídos em série – chamados de “replicantes”. O primeiro foi entregue em maio e outros dois já estão em estágio avançado.

Em São José do Norte, a empresa EBR trabalha na implantação da unidade industrial em seu estaleiro. São cerca de 800 profissionais terceirizados atuando na construção do cais, terraplenagem e dragagem. Com a conclusão da construção, o ritmo de produção de módulos para plataformas deve crescer.

– As obras da primeira fase de implantação do estaleiro estão em estágio avançado: 90% concluídas – afirma Luiz Felipe Camargo, gerente comercial e de marketing da EBR.

Em Charqueadas, operários compartilhavam a angústia vivida pelos colegas de Rio Grande. A crise financeira vivida pela Iesa Óleo e Gás levou ao atraso no pagamento de funcionários e deixou os trabalhos no polo do Jacuí em ritmo lento, obrigando a Petrobras a fazer uma intervenção para evitar novos adiamentos na fabricação de módulos. Não houve grande número de demissões, mas o polo opera hoje com apenas um quarto da capacidade. O Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos (Sindimetal) de Charqueadas reclama da alta rotatividade.

— É um entra-e-sai muito grande. A empresa contrata, mas ao mesmo tempo demite muitos. Nesse processo, já são umas 200 vagas a menos — calcula Jorge Luis Silveira de Carvalho, presidente do Sindimetal.