Na véspera do descarte, Ibama solicitou estudo de impacto ambiental do ex-NAe São Paulo

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Órgão ambiental requisitou que a Marinha apresentasse mapeamento do fundo da área selecionada para alijamento do casco do antigo porta-aviões e informações sobre método pretendido para provocar o afundamento. Instituto recomendou elaboração de plano de monitoramento da água

Órgão ambiental requisitou que a Marinha apresentasse mapeamento do fundo da área selecionada para alijamento do casco do antigo porta-aviões e informações sobre método pretendido para provocar o afundamento. Instituto recomendou elaboração de plano de monitoramento da água

Após o anúncio das autoridades brasileiras de que iriam afundar o ex-NAe São Paulo, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) solicitou à Marinha, na última quinta-feira (2), um estudo de impacto ambiental. Segundo o instituto, as informações são necessárias para que sejam avaliadas alternativas para mitigação, reparação e salvaguarda do meio ambiente. A embarcação foi afundada nesta sexta-feira (3), pela força naval brasileira.

O Ibama havia requisitado que a força naval apresentasse um estudo do Centro de Hidrografia da Marinha (CHM), mapeando o fundo da área selecionada para o alijamento do casco e informações sobre o método pretendido para provocar o afundamento. O Ibama ainda recomendou a elaboração de um plano de monitoramento da água.

De acordo com o Ibama, a medida adotada pelo Ministério da Defesa, a Advocacia-Geral da União (AGU) e a Marinha do Brasil vai na contramão do empenho de técnicos do instituto para garantir a destinação ambientalmente adequada prevista na regulamentação sobre transporte internacional de resíduos, Convenção de Basileia.

Em janeiro, oito servidores do corpo técnico do órgão ambiental indicaram, por meio de nota técnica, possíveis impactos decorrentes do afundamento do casco. Segundo o documento, a liberação de materiais poluentes contidos na estrutura poderiam causar distúrbio na capacidade filtrante e dificuldade de crescimento em organismos aquáticos. Além disso, o fundo do oceano também sofreria com o impacto físico, provocando a morte de espécies e deterioração de ecossistemas.
“CFCs e HCFCs usados na insulação de salas contribuiriam, a partir da corrosão das paredes, para a degradação da camada de ozônio, a carcaça poderia atrair espécies invasoras prejudiciais para a biodiversidade nativa e os microplásticos e metais pesados presentes em tintas da embarcação poderiam se tornar protagonistas de bioacumulação indesejável em organismos aquáticos”, destacou o instituto.

O Ibama afirmou que ingressou com ações judiciais e notificou diversas vezes a Sök e a MSK, sempre com o intuito de assegurar o desfecho que resultasse em menor risco de danos ao meio ambiente. Em nota, as empresas rebateram a decisão do governo brasileiro e alegaram que a escolha de afundar o casco “encobre o desperdício de dinheiro público do contribuinte brasileiro”.
Na nota conjunta, as autoridades declararam que a decisão de afundar o ex-NAe levou em conta o crescente risco que envolve a tarefa de reboque, em virtude da deterioração das condições de flutuabilidade do casco e da inevitabilidade de afundamento espontâneo/não controlado, causando danos à logística, à economia e até ao meio ambiente.

 https://www.portosenavios.com.br/noticias/navegacao-e-marinha/ibama-solicita-estudo-de-impacto-ambiental-em-caso-de-afundamento-do-ex-nae-sao-paulo