Mercado internacional sofre com escassez de sucata naval, afirma consultor

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A Petrobras e a Vale enviaram mais de 25 navios antigos nos últimos 4 anos para Bangladesh, Índia e Paquistão / Foto Tomaso Clavarino

Nos últimos dois anos, o mercado internacional tem sofrido com uma grande escassez de sucata naval em função dos elevados fretes. De acordo com Newton Pereira, professor de engenharia industrial metalúrgica na Universidade Federal Fluminense (UFF), neste momento há poucos navios para reciclagem, o que fez com os valores no Sul Ásia superassem os US$ 600/LDT. ( Fonte: Portos e Navios)

No livro TOMA QUE O LIXO É TEU, de minha autoria, esse tema é abordado. Todo ano, empresas de transporte da Europa, EUA e China fazem um grande negócio: recebem dinheiro para abandonar na costa sul da Ásia os navios cuja vida útil acabou. Três países em especial aceitam o descarte de bom grado: para Índia, Paquistão e Bangladesh, esses restos são um importante incremento econômico. O problema é que, nesse processo, 100 mil pessoas — incluindo 10 mil menores de 18 anos — trabalham em condições precárias, a temperaturas de até 43 °C, expostas a substâncias tóxicas e recebendo um salário de US$ 3 por dia. Os turnos são de 12 horas, sem folga, férias nem assistência médica. Quando se acidentam, muitas vezes, os operários recebem como indenização uma passagem para casa.

Segundo a ONG Shipbreaking Platform, sediada na Bélgica que denuncia as condições desumanas de trabalho nos portos de reciclagem da Ásia,trabalhadores são dispensados e substituídos todos os dias, sem que nenhuma empresa preste contas aos governos locais. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) considera a atividade em desmanche de navios um dos dez empregos mais perigosos do mundo, no mesmo nível de risco de ser soldado ou minerador.

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