Marinha afunda o porta-aviões desativado São Paulo, após meses de impasse

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Em nota, força naval disse que procedimento foi feito com segurança e competência técnica, no final da tarde desta sexta (3).

A Marinha afundou no final da tarde desta sexta-feira (3) o porta-aviões desativado São Paulo, que estava navegando há meses no mar depois de ser proibido de entrar no Brasil e no exterior.

“O procedimento foi conduzido com as necessárias competência técnica e segurança pela Marinha do Brasil, a fim de evitar prejuízos de ordem logística, operacional, ambiental e econômica ao Estado brasileiro”, afirma a força naval, por meio de nota.

Nesta sexta, o Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF-5) liberou que a Marinha afundasse o porta-aviões, rejeitando um pedido do Ministério Público Federal (MPF), que via grave risco ambiental na decisão.

Três buracos no casco da embarcação fizeram com que o navio se enchesse de água, o que tornou o afundamento inevitável, segundo uma inspeção realizada pela Marinha do Brasil.

De acordo com o documento, se nada fosse feito, o porta-aviões iria afundar de forma descontrolada até meados de fevereiro.

Risco de dano ambiental

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) avaliou que o afundamento do navio pode provocar os seguintes danos ambientais:

  • A liberação de materiais poluentes contidos na estrutura pode causar distúrbio na capacidade filtrante e dificuldade de crescimento em organismos aquáticos;

  • O impacto físico sobre o fundo do oceano pode provocar a morte de espécies e a deterioração de ecossistemas;

  • Emissão de gases (CFCs e HCFCs) usados no isolamento de salas contribuem, a partir da corrosão das paredes, para a degradação da camada de ozônio;

  • A carcaça pode atrair espécies invasoras prejudiciais para a biodiversidade nativa;

  • Microplásticos e metais pesados presentes em tintas da embarcação podem se tornar protagonistas de bioacumulação indesejável em organismos aquáticos.

Por causa disso, o Ibama pediu à Marinha informações para estudar alternativas de redução dos danos ambientais. O órgão ambiental também queria mapear a área de fundo do oceano onde o navio seria afundado.

Segundo o MPF, a sucata da embarcação tem 9,6 toneladas de amianto, substância que tem potencial tóxico e cancerígeno. O casco também conta com 644 toneladas de tintas e outros materiais perigosos.

De acordo com o Ibama, o navio não transportava carga tóxica, mas os materiais perigosos fazem parte “indissociável” de sua estrutura.

Um desses materiais é o amianto, uma fibra mineral considerada tóxica. Atualmente proibida em mais de 60 países, o amianto era utilizado em diversos segmentos industriais.

Desde 2017, uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) proibiu totalmente o uso do amianto no Brasil.

A Marinha só assumiu a gestão do porta-aviões depois que a MSK, companhia que o transportou entre o Brasil e a Europa, ameaçou abandonar o casco no meio do oceano.

“O procedimento foi conduzido com as necessárias competência técnica e segurança pela Marinha do Brasil, a fim de evitar prejuízos de ordem logística, operacional, ambiental e econômica ao Estado brasileiro”, afirma a força naval, por meio de nota.

Nesta sexta, o Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF-5) liberou que a Marinha afundasse o porta-aviões, rejeitando um pedido do Ministério Público Federal (MPF), que via grave risco ambiental na decisão.

Três buracos no casco da embarcação fizeram com que o navio se enchesse de água, o que tornou o afundamento inevitável, segundo uma inspeção realizada pela Marinha do Brasil.

De acordo com o documento, se nada fosse feito, o porta-aviões iria afundar de forma descontrolada até meados de fevereiro.

Por causa disso, o Ibama pediu à Marinha informações para estudar alternativas de redução dos danos ambientais. O órgão ambiental também queria mapear a área de fundo do oceano onde o navio seria afundado.

Segundo o MPF, a sucata da embarcação tem 9,6 toneladas de amianto, substância que tem potencial tóxico e cancerígeno. O casco também conta com 644 toneladas de tintas e outros materiais perigosos.

De acordo com o Ibama, o navio não transportava carga tóxica, mas os materiais perigosos fazem parte “indissociável” de sua estrutura.

Um desses materiais é o amianto, uma fibra mineral considerada tóxica. Atualmente proibida em mais de 60 países, o amianto era utilizado em diversos segmentos industriais.

Desde 2017, uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) proibiu totalmente o uso do amianto no Brasil.

A Marinha só assumiu a gestão do porta-aviões depois que a MSK, companhia que o transportou entre o Brasil e a Europa, ameaçou abandonar o casco no meio do oceano.

Segundo a Marinha, esse local foi escolhido por cinco motivos:

  1. Localização dentro da área da Zona Econômica Exclusiva do Brasil;

  2. Localização fora de Áreas de Proteção Ambiental;

  3. Área livre de interferências com cabos submarinos documentados;

  4. Área sem interferência de projetos de obras sobre águas (ex: parques eólicos);

  5. Área com profundidades maiores que 3 mil metros.

Especialistas disseram ao g1 que o porta-aviões poderia ser afundado com o uso de explosivos. Procurada. A Marinha não detalhou a operação.

Entenda o caso

História

  • Construído na França na década de 1950, o porta-aviões usado foi adquirido pela Marinha brasileira em 2000, por US$ 12 milhões;

  • Em 17 de maio de 2005, houve o rompimento de uma tubulação de vapor superaquecido no porta-aviões São Paulo, deixando diversos feridos e três mortos;

  • O porta-aviões ficou um período sofrendo reparos e só voltou a navegar em 2007;

  • Dez anos depois, em 2017, diante de novas avarias, a Marinha decidiu que o custo de recuperar a embarcação era muito alto e comunicou à União que ela seria desativada;

  • Em março de 2021, o porta-aviões foi vendido num leilão para a empresa turca Sök Denizcilik Tic Sti (Sök) por R$ 10 milhões;

  • A companhia contratou a MSK Maritime Services & Trading para fazer o transporte do navio entre o Brasil a Turquia, onde ele passaria por um “desmanche verde”;

  • Vagando no litoral nordestino

    • Após ser arrematado em leilão pela SöK, o navio começou a ser rebocado e deixou o Rio de Janeiro em 4 de agosto de 2022;

    • Quando se aproximava do Estreito de Gibraltar, entre o Oceano Atlântico e o Mar Mediterrâneo, a Turquia cancelou a autorização para que a embarcação atracasse no país por risco ambiental;

    • A empresa, então, retornou com a carcaça do navio para o Brasil;

    • Segundo a MSK, a Marinha determinou que ela fosse trazida para o Porto de Suape, em Pernambuco, por ser o mais perto da Europa;

    • O porta-aviões chegou ao Brasil em 5 de outubro, mas a administração de Suape não autorizou a atracação, por existirem elementos tóxicos no navio;

    • Desde então, a embarcação ficou dando voltas próximo ao litoral do Nordeste;

    O Impasse

    • No dia 9 de novembro do ano passado, a Justiça Federal proibiu a atracação forçada do navio;

    • No início de dezembro, a empresa trocou o rebocador que atuava junto à embarcação, mas ela se manteve próxima ao litoral pernambucano;

    • Em 11 de janeiro de 2023, a empresa turca afirmou que abandonaria o navio no mar se as autoridades brasileiras não permitissem o atracação;

    • A Marinha, então, assumiu o controle do navio no dia 20 de janeiro e o levou para longe da costa brasileira;