Mais de 250 pinguins foram encontrados mortos nesta temporada em Santa Catarina

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                   Dos 18 animais resgatados vivos, apenas cinco resistiram e seguem em reabilitação

Dos 297 pinguins-de-Magalhães (Spheniscus magellanicus) recolhidos pela Associação R3 Animal em Florianópolis, Santa Catarina (SC), entre 29 de maio e 10 de julho, 279 já estavam mortos no momento do resgate. Dos 18 pinguins resgatados vivos, apenas cinco resistiram e seguem em reabilitação.

O encalhe diário de pinguins nas praias nesta época é comum e segue até a primavera. Mas o que chamou a atenção dos especialistas da R3 Animal é o encalhe em massa, como o que ocorreu em 26 de junho. Somente entre as praias da Barra da Lagoa e do Moçambique, a técnica de monitoramento Amanda Lucena Fernandes encontrou 41 pinguins mortos. No dia seguinte, a técnica de monitoramento Paula Azevedo Figueiredo encontrou outros 14 no mesmo trecho.

Um indicativo de interação antrópica (captura não intencional por petrechos de pesca – bycatch) é a ausência de penas nas aletas, conhecida como apteria. O animal se debate para tentar se soltar de petrechos de pesca, por exemplo, e acaba perdendo as penas. Segundo a médica veterinária Janaína Rocha Lourenço, os pinguins retirados das águas da ilha catarinense passaram por necropsia.

— Infelizmente, a maioria dos animais apresentou alterações compatíveis com afogamento por interação antrópica, além de sinais de desnutrição devido ao longo caminho percorrido durante a migração e falta de alimento neste período — explicou a veterinária.

Dos pinguins que deram entrada vivos no Centro de Pesquisa e Reabilitação de Animais Marinhos (CePRAM)/R3 Animal, cinco sobreviveram e estão em tratamento. Hoje, dez pinguins estão em reabilitação. Dois da temporada passada, que encalharam no início do ano, dois resgatados pela Univali, no Litoral Norte, e um resgatado pela Univille, na região de São Francisco do Sul.

Os animais resgatados com vida geralmente são juvenis, em seu primeiro ano de vida encarando a migração desde a Patagônia. Como são inexperientes, depois desse longo trajeto, chegam exaustos e magros. Alguns acabam não resistindo.

A grande maioria dos animais foi recolhida durante o monitoramento diário, realizado nas praias da faixa leste, totalizando 222 pinguins. O restante foi resgatado em diversas praias após acionamento pelo telefone 0800-642-3341. As ações de resgate, reabilitação e soltura são realizadas por meio do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS) .

Embora os números de resgate pareçam altos, eles representam, conforme a R3 Animal, um padrão de encalhe já ocorrido no ano anterior. Ao longo de 2021, a entidade registrou 1.728 pinguins nas praias de Florianópolis, sendo que apenas 178 estavam vivos no momento do resgate.

O monitoramento do litoral catarinense faz parte do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), que é uma atividade desenvolvida para o atendimento de condicionante do licenciamento ambiental federal, conduzido pelo Ibama, das atividades da Petrobras de produção e escoamento de petróleo e gás natural na Bacia de Santos. O objetivo é avaliar possíveis impactos das atividades de produção e escoamento de petróleo sobre as aves, tartarugas e mamíferos marinhos, com o monitoramento das praias e atendimento veterinário aos animais vivos e necropsia dos encontrados mortos. O PMP-BS é realizado desde Laguna, em Santa Catarina, até Saquarema, no Rio de Janeiro, sendo dividido em 15 trechos. A R3 Animal executa o Trecho 3, na ilha de Santa Catarina.

No Rio Grande do Sul, ao contrário da situação atual em Santa Catarina, o monitoramento feito pelas equipe do Centro de Estudos Costeiros, Limnológicos e Marinhos (Ceclimar) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) não observou um número expressivo de mortes de pinguins nesta temporada, segundo o mestre e biólogo Maurício Tavares.

Saiba mais sobre o pinguim-de-Magalhães

Tamanho: o indivíduo adulto tem cerca de 65cm.

Peso: entre 4,5kg e 6kg.

Coloração: os adultos com bico e dorso pretos, barriga e peito brancos, apresentam um colar e uma faixa peitoral negra ao redor da área ventral branca. Os juvenis são acinzentados e não possuem faixa peitoral e da face demarcadas.

Tempo de vida: 15 a 20 anos.

Alimentação: peixes, cefalópodes e crustáceos.

Reprodução: o período reprodutivo ocorre de outubro a novembro. Após a postura de dois ovos não há mais cópulas entre o par reprodutivo, que é monogâmico durante a temporada e fiel ano a ano, se houve sucesso reprodutivo na temporada anterior. O período de incubação é de 39 a 42 dias.

Hábitos:  possuem grande plasticidade, podendo habitar de mares costeiros e oceânicos.

Ocorrência em Florianópolis: o período de maior ocorrência é de junho a setembro.

Onde ocorre: costa do Chile, Argentina e Ilhas Falklands.

Curiosidades: as principais causas da diminuição populacional são variadas, incluindo destruição de habitat, turismo desordenado, redução da disponibilidade de alimento devido à pesca predatória, captura incidental em rede, entre outras.

Fonte:  GZH