Indústria naval fechou 25 mil vagas em 2015 no Brasil

0
948
IMPRIMIR
3881210_x720
O acirramento da crise da Petrobras levou ao fechamento de mais de 25 mil postos de trabalho na indústria naval brasileira em 2015

O dado consta de balanço feito pelo Sindicato Nacional da Indústria de Construção e Reparo Naval (Sinaval), que reúne os estaleiros brasileiros.No dia 15 de dezembro, data da última coleta, o setor empregava 57.048 pessoas no país. Em dezembro de 2014, eram 82.472, o maior número desde 2004, quando a entidade começou a fazer o levantamento.

O número de vagas ao final de 2015 é o pior desde 2010. O Sinaval diz que a “acentuada piora” é resultado da queda do preço do petróleo, “que resultou na redução das receitas da Petrobras, o principal contratante da indústria de construção naval”.

De fato, a Petrobras anunciou este ano a transferência de plataformas de produção paraestaleiros asiáticos e cancelou contratos para a construção de 11 navios para o transporte de combustíveis e gás liquefeito de petróleo (GLP, o gás de cozinha). A crise levou ao fechamento de dois dos principais estaleiros do Rio, o Estaleiro Ilha SA e o Eisa Petro Um – ambos em recuperação judicial.

Já o estaleiro Brasfels, em Angra dos Reis (RJ), anunciou demissões em dezembro, diante da inadimplência de seu principal cliente, a Sete Brasil.O presidente do Fórum dos Trabalhadores da Indústria Naval, Joacir Pedro, acha que o número do Sinaval é otimista e coloca a Operação Lava Jato entre as causas do problema. “Foram mais de 30 mil demissões”, diz ele.

Na sua opinião, 2016 será melhor para o setor, devido à possibilidade de novos contratos aberta pela edição da MP dos acordos de leniência.

ADAPTAÇÃO

A crise já provocou suas primeiras vítimas entre as empresas que chegaram ao país no início da década para aproveitar a demanda gerada pelas encomendas da Petrobras.

Um consórcio formado por cinco japonesas e liderado pela Mitsubishi Heavy Industries decidiu entregar sua fatia de 30% no Estaleiro Rio Grande ao sócio brasileiro, a Engevix.

Segundo fontes, a decisão foi motivada pela descrença com a possibilidade de recuperar o investimento feito no país.

O presidente do Sinaval, Ariovaldo Rocha, diz que os estaleiros “estão se adaptando” à nova realidade e devem focar sua atenção na construção de módulos para plataformas de produção de petróleo.”Apesar de existir demanda por navios petroleiros existem incertezas quanto as obras, em função de debates quanto a reajustes de preços e garantias para financiamentos”, comenta.

No mercado, a expectativa é que a Petrobras mantenha apenas os contratos de navios cujas obras já foram iniciadas.O renascimento da indústria naval foi uma das bandeiras do governo Lula e do primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff, mas sucumbiu à crise da Petrobras e, depois, da Sete Brasil.

Rocha diz que há segmentos que dependem menos da indústria do petróleo e podem passar melhor pela crise, como os comboios para transporte fluvial de grãos e rebocadores portuários.”Apesar da crise, as solicitações de financiamentos ao Fundo da Marinha Mercante (FMM) prosseguem, apresentando a demanda da iniciativa privada para a construção de comboios fluviais, expansão de estaleiros, navios petroleiros, rebocadores e navios de apoio marítimo”, afirma.