Governo do RS quer destravar investimento de termelétrica em Rio Grande

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Destravar o investimento de uma termelétrica a gás natural, localizada no Porto de Rio Grande, na região Sul do Rio Grande do Sul, esteve no centro das discussões da primeira reunião do segundo dia da missão internacional do governo do Estado em Madrid, na Espanha, nesta terça-feira. Se confirmado, o projeto desenvolvido pelo grupo espanhol Cobra deve resultar em um investimento superior a R$ 6 bilhões, além de auxiliar na matriz energética do Estado.

O projeto em questão teve início em 2009, porém, está paralisado desde 2015, em função de impasses judiciais, o que afastou os investidores iniciais. Desde 2018, a iniciativa foi adquirida pelo grupo espanhol, que tem experiência na área. A comitiva foi recepcionada pelo presidente Jose Maria Castillo, pelo CEO da Área de Energia, José Antonio Fernandez, pelo CEO Brasil, Jaime Llopis e pelo diretor de operações da Cobra Brasil, José Carlos Herranz.

Governo do RS quer destravar investimento de termelétrica em Rio Grande | Foto: Mauren Xavier / Especial / CP

Segundo o governador Eduardo Leite (PSDB), o Executivo está auxiliando o grupo para destravar o projeto. No momento, a documento está em análise pela Fepam. O próximo passo é a realização de uma audiência pública, que de acordo com Leite, deverá ocorrer nas próximas semanas. Após, há um período de 45 dias para contestação, deverá sair a licença do Estado (Fepam). Com essa autorização, a empresa buscará a autorização do projeto junto à Aneel. Confirmando, a partir disso, haverá o início da concretização do projeto. A estimativa atual é de que fique pronto em 2024.

De acordo com o superintendente do Porto de Rio Grande, Fernando Estima, o impacto desse projeto é transformador para região Sul do Estado, além do impacto em todo o Rio Grande do Sul. Um dos benefícios, por exemplo, é que, com a decisão do Supremo Tribunal Federal, o Estado passaria a recolher o ICMS, sendo que o recolhimento ocorre na entrada do gás. Atualmente, essa tributação se dá no Mato Grosso  do Sul. Outro benefício é que o Estado ganharia um terminal público, uma vez que para viabilizar o empreendimento, a empresa Cobra está construindo esse espaço. Quando pronto, deverá utilizar 20 a 30%, o restante do tempo será utilizado pelo complexo portuário.

O grupo Cobra já tem um investimento em desenvolvimento no Estado. Trata-se de linhas de transmissão administradas pelo consórcio Chimarrão e Pampa que estão em fase de conclusão. Os investimentos totalizam R$ 3 bilhões, com 4 mil empregos gerados.

Entenda

O projeto prevê, além da termelétrica, a construção de uma estação de recebimento, armazenagem e regaseificação de gás natural liquefeito (GNL). Iniciado em 2009, a proposta recebeu contestações por parte do Ministério Público Federal, porque para viabilizar a operação, um navio deveria ficar parado por cerca de 30 dias no terminal. Para suprir essa exigência, o grupo pretende instalar no píer uma estrutura de armazenamento, evitando a presença do navio.

O gás natural chega de navio, vindo, principalmente, dos Estados Unidos, África ou Caribe, na forma líquida, o que permite o transporte de uma quantidade maior. Depois de ser transformado em gás novamente, ele entra na térmica, para distribuição.

A obra viabilizará o suprimento de GNL no Estado. O projeto deverá criar cerca de 2,1 mil postos de trabalho e  operar com até 14 milhões de metros cúbicos por dia, o que atenderia a demanda do RS até 2030.

Outras empresas

Além da visita ao grupo Cobra, a comitiva estadual teve encontros com a diretoria da empresa Sacyr, que venceu a licitação da RSC-287 com o consórcio Via Central. Nos próximos 30 anos, a empresa será responsável pela duplicação do trecho entre Tabaí e Santa Maria e administrará as duas praças de pedágio já existentes na RSC-287 – em Venâncio Aires (km 86) e Candelária (km 131).  A empresa tem experiência na área de concessão de rodovias, há mais de duas décadas. E o Brasil é um dos países que o grupo quer ficar “muito forte nos próximos anos”, explicou o diretor de negócios da Sacyr Concessões, Pablo Abril-Martorelli.Outros encontros foram nos grupos Enerfin/Elecnor e Ocean Winds, ambos da área de energia elétrica.

Fonte: Correio do Povo / Mauren Xavier