Gargalos na estocagem de grãos

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A maior parte do déficit se concentra em Mato Grosso e nos Estados da região do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia)

As estimativas dão conta de que o Brasil vai colher 320,1 milhões de toneladas de grãos na safra deste ano, 47,6 milhões de toneladas a mais do que no ano passado, como apontam levantamentos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). No entanto, o País só consegue armazenar 60% de grãos em uma única safra. Ou seja, nos cálculos da Conab, subsiste hoje um déficit de capacidade de estocagem de mais de 120 milhões de toneladas.

 Por mais que o setor venha conseguindo dar certa dinamicidade à administração de estoques, já que os períodos de colheita de grão para grão não são coincidentes, os produtores brasileiros não vêm conseguindo contornar os problemas dessa área e é cada vez mais frequente a necessidade de armazenagem ao relento de toneladas de grãos, especialmente de milho de segunda colheita anual, o chamado milho safrinha.

A maior parte do déficit se concentra em Mato Grosso e nos Estados da região do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), conforme pesquisa feita pela USP e pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A pesquisa também apontou que 61% dos produtores brasileiros não contam com infraestrutura de armazenagem em suas propriedades.

 É safra de grãos recorde atrás de safra recorde. E, no entanto, a capacidade de logística de escoamento e de armazenamento não vem acompanhando.

Este não é um problema novo. Há mais de duas décadas a capacidade estática do País é inferior ao volume de grãos colhidos, mas a falta de estrutura ganha novos contornos e se transforma em enormes gargalos para o agronegócio com o aumento da produção.

https://www.estadao.com.br/economia/celso-ming/gargalos-na-estocagem-de-graos/