FURG realiza pesquisa arqueológica em casa que teria sido de Tamandaré

0
421
IMPRIMIR
Colher de pedreiro e pincel são os instrumentos utilizados pela equipe de professores e estudantes da FURG que estudam a residência (Foto: Divulgação)

Nascido em 13 de dezembro de 1807, em Rio Grande, o Almirante Joaquim
Lisboa é patrono da Marinha do Brasil. Com o intuito de transformar a
possível residência em um memorial, as escavações começaram em 11 de
novembro, por meio de uma parceria da FURG com a Marinha.

Desde o início, a equipe se divide em três grupos, que integram a pesquisa
em campo, em laboratório e a educação patrimonial. Assim, todo o material
coletado é analisado e identificado. Com a educação patrimonial, o grupo
pretende não somente falar sobre a pesquisa, mas também ouvir as pessoas
que passam pelo local e que contam suas histórias e memórias.

Através dos estudos já realizados, a equipe pôde verificar que as fundações da casa que existe hoje no endereço estão ligadas ao final do século XIX – início do século XX

Segundo Beatriz Thiesen, professora e coordenadora do grupo, o objetivo do
trabalho dentro do sítio arqueológico é resgatar, além das informações
sobre o Marquês de Tamandaré, o cotidiano de outros possíveis moradores da casa. “Não estamos pesquisando somente o Tamandaré, mas todas as outras famílias que habitaram nesse espaço”, falou a docente.

Através dos estudos já realizados, a equipe pôde verificar que as fundações
da casa que existe hoje no endereço estão ligadas ao final do século XIX –
início do século XX. E que, embaixo desta casa, existe outra mais antiga.
De acordo com a docente, é essa que os pesquisadores estão associando à
família do Marquês de Tamandaré.

O trabalho

Utilizando apenas dois materiais, a equipe de campo realiza as escavações,
mantendo o registro de todo o processo e de tudo que é encontrado. Esse
processo é de extrema importância, porque, segundo Beatriz, “quando
escavamos estamos destruindo algo, então precisamos fazer com que isso
possa ser reconstituído de alguma maneira”.

Assim, cada objeto recebe uma identificação e uma descrição. As escavações ficam cobertas, para preservação e continuidade do trabalho.

Dos materiais encontrados, a docente explica que grande parte foi
encontrada na primeira camada da escavação. Entre moedas e lajotas, foi
achado um fragmento de uma panela de cerâmica que ainda mantém nela a
fuligem do fogão, e brinquedos, como uma peça de dominó feito de osso e um soldadinho de chumbo.

“Isso que encontramos está ligado a um segmento de pessoas que a história
não dá conta, que são as crianças. E fundamentalmente é esse cotidiano das pessoas que conseguimos recuperar no trabalho arqueológico”, explica
Beatriz.

O trabalho da equipe já possibilitou desenvolver considerações iniciais.
Segundo a professora, algumas estruturas não estão relacionadas com as
paredes que ainda existem, e nota-se que foram feitas muitas modificações
no terreno. Após a escavação, a equipe encontrou um piso de lajotas que
está relacionado à ocupação mais antiga.

Conforme Beatriz, “as pessoas tinham o costume jogar o lixo ou no pátio de
casa, ou nas redondezas. Estamos pensando que esta casa data de, no  mínimo,1800, que é quando Francisco Marques vem para Rio Grande. O Sobrado dos Azulejos foi construído em 1862.Quando foi feito o restauro do sobrado,encontraram uma lixeira. E na lixeira tinha um prato que estava escrito Francisco Marques – o pai do Marquês de Tamandaré. Vamos estudar esses fatos em conjunto, para que possamos entender todo esse contexto”.

Fonte: Assessoria / FURG