Frete aéreo: alta demanda de fim de ano gera pico na movimentação de cargas

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No início de outubro, os portos da Califórnia chegaram a registrar filas de 60 navios fundeados aguardando autorização para atracar, situação nunca vista antes nos terminais daquele país

A alta demanda por produtos e insumos originários do mercado asiático às vésperas do final de ano e o congestionamento do transporte marítimo ao redor do mundo tem gerado uma reação incomum: o crescimento acima da média do transporte aéreo como alternativa para movimentar produtos de alto valor agregado.

Com as viagens e voos internacionais ainda em fase de recuperação, há menos aviões de passageiros com capacidade de carga. Parte desta demanda é explicada pela falta de contêineres marítimos, modal mais barato do que o aéreo. Dados da Allog, empresa especializada em logística internacional, mostram que a movimentação de cargas áreas teve alta de 40% em tonelagem entre junho a setembro em comparação ao mesmo período de 2020.

A receita das companhias aéreas brasileiras com carga neste ano já supera a registrada em 2019. De acordo com dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o volume de cargas movimentadas no comércio internacional pelos aeroportos brasileiros alcançou 625,7 mil toneladas até agosto. Em relação a 2019, o número representa alta de 13,5%.

Ao mesmo tempo, as taxas de carga aérea nas principais rotas de comércio começaram a aumentar em agosto, uma vez que a indústria enfrentou interrupções na cadeia de suprimentos devido a bloqueios na China, gargalos logísticos nos Estados Unidos, e a proximidade da alta temporada do setor. Especialistas dizem que o enorme gargalo no complexo portuário da Califórnia é o resultado de uma combinação de fatores domésticos como em outros países. Entre eles, está um aumento relacionado à pandemia na demanda por bens duráveis nos Estados Unidos, um transporte doméstico desatualizado, fechamentos de fábricas em lugares como China e Vietnã e uma escassez de estivadores qualificados na Costa Oeste Americana.