Exportadores de rochas relatam dificuldade para embarcar no ES

0
437
IMPRIMIR
Os exportadores dizem ainda que fretes marítimos que custavam cerca de US$ 2.000 aumentaram para US$ 3.000.

Exportadores de rochas naturais do Espírito Santo relatam dificuldade para embarcar suas cargas por falta de espaço na linha que vai para os portos do Rio de Janeiro e de Santos. Empresários do segmento que utilizam o Porto de Vitória afirmam que a situação se agravou nos últimos três meses. Além disso, com problemas técnicos do Log-In Resiliente há cerca de 20 dias, esses usuários do porto capixaba alegam existência de dezenas de contêineres sem embarcar. A expectativa é que o navio da Log-In, empregado no feeder Santos-Vitória, esteja em plenas condições de operação no final de outubro.

Procurada pela Portos e Navios, a Log-In informou que já tomou as providências necessárias para normalizar, até o fim do mês, o atendimento do serviço feeder na rota Santos-Vitória, retomando o fluxo habitual para as cargas de importação e exportação. “Com estas medidas, a Log-In reitera seu compromisso com o mercado capixaba e com os usuários do TVV — Terminal de Vila Velha”, comunicou a empresa por meio de sua assessoria. O porta-contêineres Log-In Resiliente foi adquirido pela empresa há cerca de um ano e tem capacidade de transporte de 2.700 TEUs (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés), o equivalente a 38 mil toneladas de porte bruto.

Para o diretor comercial da Cajugram, Schelbe Veghini, o problema com o navio é mais um dentre os enfrentados pelos exportadores do produto na região. Ele contou que há três meses essa indústria enfrenta dificuldades de embarque (overbooking) porque os armadores que transportam cargas gerais estariam priorizando mercadorias mais leves e de mesmo valor de frete, como madeira, café e pimenta, o que permitiria carregar mais contêineres nos navios. “Não existe um navio de cada armador disponibilizado para operar. Eles fizeram um consórcio para encher um navio. Isso faz com que não haja concorrência entre eles e consigam manter os valores de frete. Não existe nada no Brasil que controle qualquer movimento que eles venham a fazer. São livres para fazer o que quiserem”, apontou.

A Cajugram calcula prejuízo médio de US$ 300 mil por mês devido aos contêineres que deixam de ser carregados em Vitória. Até a última terça-feira (2), a empresa estava com 30 contêineres com agendamento, porém sem poder carregar por conta do risco de ter despesas adicionais. “Se carregar e eles [armadores] rolarem o navio, quem paga a conta somos nós. Então, para não haver mais brigas, eles tomaram a decisão de não liberar mais contêineres. Está tudo colapsado. Ninguém consegue espaço para nada”, relatou.

O diretor comercial da Mag-Ban, Gonçalo Machado, avalia que os principais armadores estão optando por outras rotas com maior rentabilidade, assim como acontece na aviação aérea. Ele observa no último ano grande diminuição do fluxo de navios vindo e saindo do Brasil, possivelmente por causa da desaceleração da economia. Machado acrescenta que houve, inclusive em outros segmentos, crescimento dos volumes direcionados a exportações, o que gerou maior demanda por causa da diminuição da frequência de navios. “O problema no navio foi apenas a ponta do iceberg na navegação de Vitória para Rio e Santos”, afirmou.

Os exportadores dizem ainda que fretes marítimos que custavam cerca de US$ 2.000 aumentaram para US$ 3.000. Machado ressaltou que, na prática, o cliente quem decide se vale a pena pagar pela carga ou cancelá-la. “Há casos de clientes pedindo para três empresas diferentes no Brasil para contratar aquele que disser que consegue carregar. Tudo fica prejudicado”, relatou.

A Mag-Ban diz que deixou de fazer 30% do volume programado por indisponibilidade de navio. O diretor contou que alguns clientes cancelaram pedidos ou pediram para segurar a carga devido ao risco de atraso nas entregas. “A empresa fala que ainda tem carga da viagem 50 e estamos indo para viagem 52. Daqui a pouco também haverá falta de contêineres. Infelizmente, nem todos [empresários] têm condições para suportar essa pressão”, alertou. 

Rochas naturais, como mármores e granitos, têm como principais destinos Estados Unidos, China e México, no caso das chapas, e Europa, exportada em blocos. As chapas são transportadas por contêineres, enquanto os blocos são exportados principalmente como carga solta. 

 

Por Danilo Oliveira / Portos e Navios