Excedente no Rio Grande do Sul, produção de diesel enfrenta gargalos no país

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Só a Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), em Canoas, processa 201 mil barris de petróleo por dia e abastece o território gaúcho, além de destinar o excedente para outros estados e também para a exportação

Enquanto o Rio Grande do Sul excede sua produção de óleo diesel – destinando, ao menos, 25% para fora do Estado –, no âmbito nacional, o Brasil tem um problema estrutural no processamento do combustível fundamental para a economia pelo seu uso no transporte de carga, máquinas agrícolas e indústria. Apesar de o país ser autossuficiente em disponibilidade de petróleo, ainda depende do mercado externo.

Entre janeiro e setembro deste ano, foram importados 10,3 milhões de metros cúbicos de diesel.Atualmente, há 19 refinarias no país, segundo dados da ANP, sendo dez delas da Petrobras. No entanto, Ferreira informa que a Xisto Paraná e a SSOil Energy, ambas privadas, não apresentam produção. “Assim, na prática, temos 17 refinarias em operação. Há quatro autorizadas para construção e entrada para processamento nos próximos anos com capacidade total de processamento de 112.737 barris por dia”, ressalta o pesquisador do Ineep.

Estado tem superávit no refino de diesel

Na contramão da lógica nacional, o RS é autossuficiente na produção de alguns derivados, principalmente o diesel, mesmo não explorando petróleo, que vem basicamente do Sudeste do Brasil. Só a Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), em Canoas, processa 201 mil barris de petróleo por dia e abastece o território gaúcho, além de destinar o excedente para outros estados e também para a exportação. A produção diária de gasolina, por exemplo, é de 9 milhões de litros e a de diesel, de 16 milhões de litros. Outras empresas também atuam no processo de refino no RS, a Refinaria Riograndense e a Braskem, colaborando com uma parcela menor dessa disponibilidade de produtos.

Segundo o gerente-geral da Refap, Marcus Valenti, de tudo que é produzido de óleo diesel na Refap, cerca de 75% ficam no RS e o restante é destinado a outros mercados. “Por ser um Estado agrícola, historicamente a produção da Refap foi direcionada para maximizar a produção de diesel, que demanda mais. Ao longo do tempo, ocorreu a valorização em relação à gasolina. Hoje é mais negócio produzir diesel, em termos econômicos”, salienta. Além disso, o petróleo do pré-sal, que é o carro-chefe da Petrobras (cerca de 70% da produção),  tende a render mais com a conversão para o diesel.

Depois de um período de baixa demanda de combustíveis durante a pandemia, a orientação do governo federal, conforme Valenti, é buscar a máxima utilização dos ativos das refinarias. Tudo isso, para suprir o mercado interno e reduzir as importações.